Bahamas, você sabe, é um dos destinos mais cobiçados do Caribe. Atrai multidões de turistas de todo o planeta, principalmente americanos, que têm o privilégio de desembarcar nesse paraíso tropical em voos de apenas uma hora de duração a partir de Miami.
Cercado por águas quentes de tons de azul estonteantes, o arquipélago formado por mais de 700 ilhas figura em rotas clássicas de excursões de navios pela região. Mas você já imaginou desfrutar de uma espécie de cruzeiro pelas Bahamas sem deixar de pisar em terra firme?
E com todas as vantagens que uma grande embarcação pode proporcionar em um mesmo espaço (vamos lá: piscinas, restaurantes, bares e boates, spas, lounges descolados, lojas de grife e outras tantas atrações a uma curta caminhada de distância) sem os perrengues como disputar um lugar nessas mesmas atrações com hordas de turistas em um regime de confinamento em alto-mar que, em algumas almas mais sensíveis, ainda pode provocar desconfortos como tonturas e enjoos.
Pois vivi essa experiência em dezembro, hospedado em um resort que domina a paisagem da ilha de New Providence, onde está situada Nassau, a capital de 250 mil habitantes que concentra mais de 60% da população das Bahamas.
Antes de acompanhar essa jornada, um aviso: prepare o bolso. A escolha pelo Grand Hyatt Baha Mar, um dos resorts mais imponentes de uma ilha já rotulada pela fama de careira, tem grande potencial para drenar as reservas de sua conta bancária.
Para quem está saindo ileso da crise e pode cacifar sem sobressaltos faturas que facilmente se aproximam ou até ultrapassam os cinco dígitos, isso não é exatamente um problema. Mas tenho certeza de que o alerta não afugentará nem mesmo os leitores menos aquinhoados. Porque, como já ensinava o célebre carnavalesco Joãosinho Trinta, “o povo gosta de luxo”. E o que não faltará nessa experiência caribenha é luxo.
Aberto em abril do ano passado, o Baha Mar entrou na cena hoteleira das Bahamas com o objetivo de fazer frente a um dos mais badalados resorts do Caribe, o Atlantis Paradise Islands (que, entre outras atrações, é famoso pelo transparente túnel submerso de onde é possível observar temíveis tubarões a poucos metros de distância).
O resort está distante cerca de 15 minutos de carro do aeroporto, o mesmo tempo que se leva para alcançar, sem trânsito pesado, o centro de Nassau. Mas vai por mim: se você está em um grande hotel de luxo nas Bahamas, com uma megainfraestrutura de lazer que inclui seis piscinas (isso mesmo, seis piscinas!) de águas tépidas, somada a uma praia (quase) particular – a bem pensada legislação do país proíbe o loteamento das faixas litorâneas – de uma aveludada areia branca de onde brotam espreguiçadeiras, banhada por um mar cristalino e de águas não menos temperadas, tudo isso esparramado diante de seus olhos, você definitivamente não vai querer cruzar as fronteiras desse paraíso para turistar na laje e no asfalto, certo?
Pois cruzei essa fronteira, a bem da prestação de serviço aos leitores. Das 65 horas em que permaneci em solo bahamense, três foram dedicadas à capital do arquipélago. Enquanto percorria as ruas em busca de atrações e driblava lojas de suvenires medonhas, só um pensamento me assaltava: “piscinas & mojitos, mojitos & piscinas”.
Ok, Nassau tem lá seus encantos coloniais e um interessante passado bucaneiro, mas, lembre-se: o culto ao ócio foi a verdadeira motivação que o conduziu a uma viagem de mais de 10 horas até as Bahamas. Se você, como eu, insistir em adicionar passeios culturais ao roteiro, então a dica é conhecer o museu Piratas de Nassau, espaço interativo no coração da cidade. Por US$ 13 (US$ 6,5 para crianças e adolescentes de quatro a 17 anos), o visitante retrocede a 1716 e mergulha na transgressora rotina de corsários dos mares que moldou a história do Caribe.
Experiência vip
Quem tem bala na agulha vai preferir apresentar seu voucher na recepção do “Reserve”, este sim um espaço exclusivo. É uma espécie de “hotel dentro do hotel”, com diárias que partem de US$ 1,1 mil (R$ 3,5 mil) e serviços de mordomo incluídos na tarifa. São apartamentos com suíte, lavabo, salas de estar e jantar e uma sacada com as melhores vistas para o Mar do Caribe. Note que os preços do Reserve nem estão entre os mais caros do resort. Há apartamentos de dois e três dormitórios, com amplas salas de estar e jantar e cozinhas equipadas, que chegam a custar até US$ 4 mil (mais de R$ 13 mil por dia) na alta temporada.
Jogatina liberada
Sobra luxo no Baha Mar, mas não se pode dizer que se trata de um resort exclusivo. Afinal, são mais de 1,8 mil apartamentos. Os mais “simples”, com vista para o mar, decoração elegante e banheira, têm diárias a partir de US$ 350 (cerca de R$ 1.130).
O cassino é a mais extravagante atração do resort. A exemplo de empreendimentos do gênero em Las Vegas, não seria exagero dizer que o Baha Mar é um hotel construído sobre um cassino.
Ao fazer o check-in na torre leste, uma das três recepções, o hóspede literalmente cai no jogo. Não há como chegar ao seu apartamento sem cruzar com mesas de carteado e sorridentes crupiês. Numa área de quase 10 mil metros quadrados, estão espalhadas 1.140 máquinas caça-níqueis e 119 mesas de jogos como black jack, roleta e bacará.
Por mais estranho que possa parecer caminhar rumo às piscinas em trajes de banho e chinelos em meio a slots machines apinhadas de turistas às 10h, não são poucos os hóspedes que se aventuram no jogo.
Para comer bem
A gastronomia merece um capítulo especial. São mais de 20 estabelecimentos espalhados pelas dependências do Baha Mar, de simpáticos quiosques e food trucks próximos às piscinas e à praia a sofisticados restaurantes.
Destaque para a culinária asiática. Na minha segunda noite, acabei brindado por uma refeição memorável no Stix, um despojado restaurante localizado nas cercanias do cassino do hotel. Foi difícil escolher o prato mais saboroso do menu degustação que experimentamos, mas o picante noodles caseiro – e o show apresentado pelos cozinheiros na preparação da massa – já vale a reserva.
Na última noite, foi a vez de um jantar épico no Shuang Ba, um restaurante chinês que é a menina dos olhos do resort. Esqueça o ambiente e o cardápio dos estabelecimentos que conhecemos aqui no Brasil. No Shuang Ba (em mandarim, significa “duplo 8”, número que para os chineses traz sorte e prosperidade), a ideia é elevar a culinária do país asiático ao patamar de alta gastronomia.
Conheci Brent Martin, o chef neozelandês que comanda a operação de todos os restaurantes, bares e lounges do Baha Mar. Quando soube que eu estudava gastronomia, Martin fez questão de me apresentar à cozinha. Em cinco minutos, tive uma aula dos cuidados com o pré-preparo dos patos – carro-chefe de todo bom restaurante chinês que se preze – e pude acompanhar a montagem dos apetitosos dumplings, uma das minhas iguarias favoritas.
De volta à mesa, empanzinei-me de delícias que facilmente entrariam no cardápio da última refeição de minha existência. Um exemplo é o beef brisket, nacos de carne macios e suculentos envoltos em uma fina massa crocante.
O que fazer
Dentro do hotel
Piscinas
Em uma semana hospedado no Baha Mar, é possível banhar-se em uma piscina diferente a cada alvorecer – e ainda descansar na praia de Cable Beach no sétimo dia. São seis piscinas para todos os gostos, com opções para quem busca privacidade ou curte agitação.
Nessa última categoria está a Dean’s Blue Hole, inspirada no “buraco azul” (um abismo no mar) de Long Island, uma das ilhas caribenhas. Os hóspedes podem saltar de penhascos artificiais (mas juro que pareciam naturais) e observar – por meio de janelas de vidro de dentro de uma gruta – tartarugas, arraias e tubarões-enfermeiros (também chamados de tubarões-lixa), espécie inofensiva dos predadores dos oceanos.
E não é que o bicho é manso mesmo? No santuário localizado do outro lado da piscina, pude passar as mãos no dorso do animal sem medo de levar uma bocada. E aí compreendi o significado de uma de suas designações: a pele do tubarão é mesmo áspera como uma lixa.
Já para quem quer um espaço mais intimista, há tendas equipadas com sofás, TVs e outros mimos no entorno das piscinas. É preciso fazer reserva para o dia, mas o conforto tem seu preço: de US$ 150 (cerca de R$ 480) a US$ 350 (R$ 1.130) – estas últimas opções com direito a US$ 150 em consumação nos restaurantes e nos bares do parque aquático.
Esportes e relax
Cansou de ficar com as pernas para ar? Então, bora se mexer nas quadras de tênis e no campo de golfe da propriedade. Para os fãs de Roger Federer e Rafael Nadal, o resort oferece um Grand Slam de opções. Ao lado da torre oeste há quadras de grama, saibro e sintéticas para bater uma bolinha. Quem quiser esvaziar a mente com tacadas, um pouco mais distante fica o Royal Club, um campo de 18 buracos assinado pela lenda do golfe Jack Nicklaus.
Depois de suar sob o sol do Caribe, você pode agendar uma massagem relaxante ou outros tratamentos no Espa, o spa do Baha Mar. Uma dica: se a ideia é relaxar, só pergunte o preço após a sessão de massagem...
Fora do hotel
Não faltam atividades ao ar livre nas Bahamas, como pesca em alto-mar, mergulhos (com e sem tubarões) e passeios de barcos. Se você gosta de aventura, experimente trocar alianças por lá. As Bahamas são famosas por estilosos casamentos à beira-mar (a propósito, o Baha Mar ergueu até mesmo uma simpática capela em suas dependências). O arquipélago, inclusive, foi eleito o melhor destino para casamentos em 2015.
Uma das atrações clássicas é mergulho de snorkel. Por US$ 79 (R$ 250) por pessoa – US$ 39 (R$ 125) para crianças de quatro a 11 anos –, um barco da empresa Stuart Cove’s levou nosso grupo para nadar junto a corais no offshore da ilha de New Providence. Foram três paradas em alto-mar, uma delas com a presença de tubarões. Infelizmente, essa experiência não posso descrever a vocês. Nesse último pit-stop, um conveniente mal-estar me obrigou a ficar no conforto e na segurança do barco.
Planeje-se
Quando ir
Uma boa alternativa para desfrutar de todo o conforto do resort sem espancar o orçamento é viajar na baixa temporada, que vai de junho a novembro. Nesse período, as tarifas costumam despencar no Caribe, mas as ofertas têm explicação: é a temporada dos furacões na região. Entre dezembro e abril, o tempo costuma ser seco, e a temperatura, mais agradável.
Como ir
Como a Flórida é um dos destinos mais concorridos pelos brasileiros, já pensou em esticar uma viagem às Bahamas no seu roteiro pelo sul dos EUA? Isso porque não há voos diretos do Brasil para as ilhas caribenhas, e Miami é a conexão mais conveniente para quem sai de São Paulo ou Rio – a cidade americana está a apenas uma hora de avião de Nassau. Há voos diretos também a partir de Fort Lauderdale e Orlando, outros destinos clássicos dos brasileiros, operados por American Airlines ou Bahamasair (dependendo do aeroporto de origem).
Preste atenção
A imigração de Bahamas não exige visto dos brasileiros. Mas você terá de apresentar visto válido para ingressar nos EUA, já que, obrigatoriamente, haverá uma conexão em Miami ou outra cidade americana. E providencie o certificado internacional de vacinação de febre amarela, exigido pelo país.
*O jornalista Vinicius Vaccaro é editor de Esportes em ZH e viajou a convite do Grand Hyatt Baha Mar