Algumas das mais belas e quentes praias da Europa, bonitas construções datadas de séculos atrás, ótima e diversificada gastronomia, um povo autêntico e hospitaleiro e uma história muito interessante para contar: mesmo pequeno, Portugal tem de tudo. Foi o primeiro país da Europa a vencer o prêmio de melhor destino turístico do mundo no World Travel Awards — até porque, para grande parte do turistas estrangeiros, é uma joia recém-descoberta.
— Hoje, da forma como o mundo é visto internacionalmente, Portugal fica no centro. Mas há 500 anos, era o último país do planeta: para lá dele, só havia dragões, dinossauros e bichos maus. O fato de estar no extremo de alguma coisa faz com que a possibilidade de as pessoas visitarem seja menor. As redes sociais, a aviação low cost, tudo isso ajudou a mudar esse cenário — diz Bernardo Cardoso, diretor do órgão de turismo português no Brasil.
Além disso, continua Cardoso, a autenticidade de Portugal e de seus habitantes é "reconfortante" para os viajantes que procuram "experiências" e "coisas inovadoras":
— Em um mundo que, hoje em dia, está tão padronizado, países como Portugal são claramente diferenciados.
A seguir, gente que conhece muito bem "a terrinha" dá dicas para curtir o melhor do melhor destino do planeta.
Praias maravilhosas
Por Eduardo Moscão
Administrador e corretor de imóveis, mora há sete meses em Quarteira, no Algarve
O Algarve é o paraíso dos povos do norte da Europa (especialmente os vizinhos britânicos), pois o clima é agradável o ano todo, com longos e agradáveis verões, e o custo de vida é mais acessível. Localizado ao sul de Portugal, a 220 quilômetros de Lisboa, tem invernos curtos e amenos, e as águas que banham a costa são mais quentes.
A região é rica, desenvolvida, cheia de histórias desde o período pré-romano (200 a.C.) e conta com muitas opções de lazer para todas as idades, como marinas, cassinos, parques aquáticos, campos de golfe, muitas ciclovias e maravilhosas praias.
Reserve pelo menos quatro dias do seu roteiro. Não deixe de aproveitar o pôr do sol na Marina de Vilamoura, degustar um calmo almoço na Cidade Murada de Faro e visitar a Fortaleza de Sagres, o Castelo em Silves, as Rias em Tavira e as praias em Albufeira e Quarteira, além de passear pelas praias de São Rafael e Lagos.
Diversidade de atrações
Por Clarisse Linhares
Sócia do projeto Viajando com Arte (instagram.com/viajandocomarte)
História, comida fantástica, praias douradas, monastérios. Em Portugal, você pode ter múltiplas experiências incríveis e, de bônus, conversar com os nativos — vantagem de falar o mesmo idioma.
Em poucas linhas, cito alguns lugares imperdíveis para quem visita o país. Saindo de Lisboa na direção norte, passe por Óbidos, conheça as praias de Ericeira e chegue até a bela e charmosa cidade do Porto, e o lindo vale do Rio Douro, desça ao sul pela região do Alentejo e pare em Évora e Monsaraz, duas joias medievais, e termine com chave de ouro no Algarve, com seus cenários de praias idílicas.
Em Lisboa, não deixe de conhecer a LX Factory, uma antiga fábrica transformada em centro cultural descolado, com vários ateliês de artistas, bares, restaurantes e gente bonita. Para um jantarzinho íntimo em um ambiente acolhedor, gerido pela família, a Taberna Ideal é tudo, com pratos deliciosos regados a um bom vinho português. Se você der a sorte de estar em Lisboa em junho, vai comer a melhor sardinha assada nas ruas enfeitadas da Alfama, no dia da festa de Santo Antônio.
Belos cruzeiros fluviais
Por Beto Conte
Empresário do turismo que já percorreu 135 países nos cinco continentes
Com o voo direto Porto Alegre a Lisboa, em toda viagem à Europa dou uma passada por Portugal — explorando cada vez uma de suas belas regiões como o Algarve e o Alentejo.
Na minha viagem de 2017, fiz uma navegação de uma semana no cruzeiro AmaVida pelo Douro. Adorei e recomendo. Uma viagem superagradável passando por povoados, vinhedos, colinas de oliveiras e amendoeiras. Na fronteira com a Espanha, mais seca, passamos por desfiladeiros rochosos, ficando cada vez mais verdejante conforme fomos nos aproximando da sua foz no Atlântico.
O mais cênico foi o trecho de dois dias pelo Vale do Douro, decorado por seus renomados vinhedos. A Região Demarcada do Douro (RDD) estende-se por 130 quilômetros ao longo do rio e seus afluentes, em uma extensão de 250 mil hectares desde a fronteira com a Espanha até a cidade de Régua. Trata-se da região vinícola demarcada mais antiga do mundo, implantada pelo Marquês do Pombal em 1756 com o intuito de utilizar as taxações na reconstrução de Lisboa, destruída no terremoto de 1755. Ao longo do caminho, a deliciosa gastronomia e os vinhos, a gentileza portuguesa e a bucólica beleza natural.
Um interior a explorar
Por Bruna Riboldi
Jornalista, mora em Lisboa há cinco anos, quatro deles envolvida com o projeto Conexão Lusófona
A explosão do turismo em Portugal é uma ótima oportunidade para revalorizar o interior do país. As aldeias, que sofrem com o envelhecimento da população e o abandono das gerações mais jovens em busca de emprego nos grandes centros, têm agora a oportunidade de ver o movimento — e os investimentos — retornarem junto com os turistas que querem ir além das recomendações mais manjadas dos guias turísticos.
Portugal é um país pequeno, principalmente se compararmos com o Brasil, mas com a vantagem de ter opções para todos os perfis. Tudo sempre regado a muito vinho e uma culinária maravilhosa, vale lembrar. Dos lugares que mais marcaram nestes cinco anos, estes são os que eu recomendo para quem quiser conhecer Portugal na sua essência.
Alqueva
Rumo a leste, em direção à fronteira com a Espanha, fica o Lago Alqueva, uma região encantadora e que vale conhecer, principalmente para quem gosta de observar o céu à noite. Foi o primeiro lugar no mundo a ser certificado pela Fundação Starlight como um "Destino Starlight Tourism", lugares que têm muito baixa poluição luminosa, onde os visitantes podem desfrutar de oportunidades únicas para visualizar o céu noturno. Durante o dia, vale visitar as aldeias próximas, com destaquepara as casas e o castelo de Monsaraz, de onde se veem os campos da região e as aldeias vizinhas.
Piódão e Foz d'Égua
Conhecida como cidade-presépio, Piódão é uma pequena aldeia formada por casas de pedras de xisto dispostas em formato de anfiteatro na base da Serra do Açor e faz parte das Aldeias Históricas de Portugal (conjunto de aldeias e vilarejos que foram restaurados e se encontram protegidos, devido à sua importância histórica). Na aldeia vizinha, Foz d'Égua, encontram-se duas ribeiras, a de Piódão e a de Chãs, com paisagens dignas de cartão-postal e uma praia fluvial para se refrescar nos dias mais quentes.
Litoral da costa vicentina
Quando o assunto é praia em Portugal, a primeira ideia que vem à cabeça é visitar a região do Algarve. Mas acontece que, entre Lisboa e o Algarve, tem toda a Costa Vicentina, no litoral da região alentejana, que merece ser visitada com calma e apreço. Para quem gosta de turismo de aventura, há a Rota Vicentina, um conjunto de percursos formalizado em 2012 com roteiros que totalizam 450 quilômetros para explorar praias e paisagens de tirar o fôlego.
Berlengas
Se a visita a Portugal for nos meses de calor, recomendo fortemente visitar as Berlengas, arquipélago que muitos dos portugueses ainda não conhecem. A visitação pode ser feita entre os meses de maio e setembro, com um ferry boat que parte da cidade de Peniche.
O arquipélago é uma Reserva Mundial da Biosfera da Unesco, pela grande variedade de aves, e, além da natureza de cair o queixo, é possível visitar o Forte de São João Baptista na ilha principal. Vale combinar a ida com uma visita ao Baleal, um paraíso do surfe, e a Nazaré, cidade em que fica o chamado "canhão português", onde se formam as ondas gigantes conhecidas mundialmente.
Culinária primorosa
Por Itamar Melo
Repórter de ZH e filho de uma imigrante portuguesa
O Minho é uma região do extremo norte de Portugal. Minhoto ou minhota é o que vem de lá. Recentemente, em um restaurante do Bairro Alto, em Lisboa, um brasileiro, que abrira a noite manifestando certa indignação porque o estabelecimento não servia guaraná, deparou na ementa com um prato típico da região, o bacalhau à minhota, e foi logo chamando o empregado de mesa (não use "garçom").
— Esse bacalhau à minhoca, vem com minhoca mesmo? O bicho? — questionou.
Isso é para dizer que um dos muitos prazeres oferecidos por Portugal é a culinária, na qual se inclui uma infinidade de pratos de bacalhau (recomendo o bacalhau à moda de Braga, ninguém vai se arrepender) a preços módicos e preparados com muito capricho, especialmente quando o restaurante não é uma arapuca para turistas. É importante fazer o dever de casa: antes de embarcar leia, estude, informe-se, saiba um pouco sobre o país-irmão. Não é só para não dar vexame. É para aproveitar melhor.
Mais uma dica: não peça pastéis de Belém, a menos que você esteja na Fábrica de Pastéis de Belém, no bairro de Belém. Em qualquer outro lugar, peça pastéis de nata. Parece a mesma coisa e sabe à mesma coisa, mas há diferença. O pastel de Belém é o pastel de nata feito com uma receita secreta desde 1837, nas imediações do Mosteiro dos Jerónimos.
Pessoalmente, desconfio de estabelecimentos aqui dos pagos que se definem como confeitarias portuguesas e anunciam produzir "pastéis de Belém". Já é o suficiente para que eu não ponha os pés lá.