Imagine-se no Sul. Mais ao Sul. Ainda mais ao sul da América do Sul, onde o Oceano Atlântico se une ao Pacífico.
Lá encontra-se Ushuaia, a capital da Província da Terra do Fogo, na Argentina. O nome oficial da cidade, na região patagônica, vem do idioma indígena (ushu + aia = baía profunda).
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Ao desembarcar do avião, no fim do mês de novembro, já foi possível ver o gelo ainda acumulado no alto das montanhas, sentir o frio de 6°C e o vento gelado no rosto – mesmo na primavera e no verão, o clima da cidade é bem frio. Em quatro dias, a temperatura raramente passou dos 9°C e, à noite, aproximava-se de 0°C.
A fama do local atrai turistas do mundo todo, em busca das belezas naturais, das charmosas ruas, dos hotéis luxuosos e de restaurantes sofisticados.
Os principais destaques ficam por conta do Parque Nacional Tierra del Fuego, do passeio de catamarã no Canal de Beagle, do sobrevoo no monte Le Cloche, da visita ao Museu Marítimo e dos famosos lagos.
Quanto à gastronomia, não deixe de saborear as iguarias da Patagônia: cordeiro fueguino, caranguejo do Canal de Beagle, merluza-negra e truta. Para acompanhar, um vinho patagônico, mundialmente conhecido. Outra opção também é apreciar uma cerveja artesanal da região.
Em Ushuaia, os dias são longos no verão – amanhece por volta das 4h, e anoitece somente perto das 23h. Já no inverno, as noites são bem longas.
A cidade mais austral do mundo não é tão longe quanto se imagina, mas é tão surpreendente e encantadora quanto se sonha.
Parque Nacional Tierra del Fuego
A reserva natural de 63 mil hectares, com paisagens glaciais, vales, bosques, lagos e cordões montanhosos, tem também uma grande variedade de aves marinhas. A 12 quilômetros do centro de Ushuaia, é o único parque nacional da Argentina que tem a mistura de ambientes de mar, bosques e montanhas.
Na reserva está o Lago Roca, de águas calmas e transparentes, ideal para canoagem. No dia do passeio fomos contemplados com um céu muito azul e tempo firme. Na volta, foi possível observar que os moradores saíam de suas casas para tomar sol, como se estivessem curtindo um dia de praia. Algo atípico, já que as mudanças no tempo são uma constante por lá.
Pampa Alta
O ar puro e a falta de insetos (por conta do frio e da neve) deixam a caminhada pelo bosque ainda mais tranquila. Caminha-se até a zona do Pampa Alta com visão para o Canal de Beagle – é possível ser contemplado com a vista panorâmica do branco da neve no alto das montanhas, o verde do parque e o azul do céu e das águas.
Descendo no sentido oeste chega-se até a Baía Ensenada, em frente à Isla Redonda.
Lago Esmeralda
A região é banhada por vários lagos, mas o Esmeralda é o que tem a cor mais particular. Chega-se às águas esverdeadas por uma caminhada de nível médio, entre montanhas, florestas e campos.
Canal de Beagle
O passeio é um clássico de Ushuaia. O canal divide o território argentino das montanhas chilenas. Ao navegar pelas águas do Beagle, é possível chegar à Isla Martillo, conhecida como Pinguinera, que recebe centenas de pinguins entre outubro e meados de abril, o período mais quente do ano. Quem já navegou por este canal foi Charles Darwin – a experiência deu origem ao livro A Viagem do Beagle.
Museu Marítimo
O prédio já abrigou o antigo presídio de Ushuaia. Lá estão os relatos das histórias dos presos, levados para a Patagônia Austral no século 19. A colônia penal de criminosos foi uma forma de o governo povoar a área remota e abrir vagas nas prisões argentinas. Além desta parte histórica, o museu tem seções sobre antropologia, geografia e arte marinha.
Voo sobre o Monte Le Cloche
Uma opção é voar de helicóptero sobre a baía de Ushuaia. Segue-se pelo vale do Rio Olivia e logo é possível apreciar os soberanos Monte Olivia e o Monte Cinco Irmãos. Pode-se aterrissar e colocar os pés no Monte Le Cloche, de onde se vê a cidade de Ushuaia e o Canal de Beagle, em uma vista panorâmica espetacular.
Quando a imensidão começa a tirar o fôlego, ainda há o lindo Vale Carbajal, com uma composição de cores impressionante de turfa (material de origem vegetal), formada ao longo de milhares de anos. O tempo de voo é de aproximadamente 30 minutos.
*O repórter viajou a convite do Hotel Arakur Ushuaia, em parceria com o turismo da Argentina e o Instituto Fueguino de Turismo