Depois do retorno dos voos entre Porto Alegre e Montevidéu em 1º de julho, pela Azul Linhas Aéreas, a capital uruguaia ficou ainda mais atraente para os gaúchos. Com um voo tranquilo de cerca de duas horas a um custo relativamente baixo (ida e volta a partir de R$ 620), é possível passar um final de semana na cidade e aproveitar o que os nossos vizinhos sabem fazer muito bem: comida, bebida e diversão.
Além das suculentas e deliciosas carnes, miúdos e morcillas da parrilla, cardápio indispensável nos restaurantes do Mercado do Porto, Montevidéu conta mais de 800 ótimos lugares para comer, com especialidades nas cozinhas alemã, árabe, japonesa, espanhola, italiana e mexicana, entre outras. Boêmios, os uruguaios também aproveitam o happy hour para degustar petiscos saborosos acompanhados de cerveja (de litro) bem gelada ou dos excelentes vinhos produzidos por lá.
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O vinho, aliás, merece um dia inteiro. Se puder, alugue um carro e se aventure pela Ruta 5, que leva às principais bodegas (vinícolas) do departamento de Canelones (quem for escolhido motorista não pode beber, claro). Além de provar o famoso tannat, cepa típica do país, é possível fazer visitas guiadas aos vinhedos, degustações e almoçar em um dos excelentes restaurantes da região.
Depois de mandar a dieta para o espaço, aproveite a noite para se divertir. Cassinos, pubs, teatro, candombe (ritmo típico do país), música alternativa e tango – garantem os uruguaios que Carlos Gardel nasceu por lá, no departamento de Tacuarembó, antes de migrar para a Argentina – são algumas das opções.
Independentemente da estação – no verão, há um atrativo extra, a praia formada pelo estuário do Rio da Prata –, aproveite também para passear pela cidade, bastante limpa e organizada, conhecer o respeito dos uruguaios têm pela sua cultura e história – a capital orgulha-se de ser uma das cidades latino-americanas com o maior número de prédios em estilo art déco completos –, e conhecer gente simpática, atenciosa e que se empenha em entender o nosso idioma. E se não conseguir aproveitar tudo o que essa linda cidade tem a oferecer em apenas um final de semana, não se preocupe. Montevidéu está logo ali, esperando de novo pela sua visita.
Não importa se você não sabe jogar cartas, dados ou não quer arriscar a sorte em uma das mais de 400 máquinas caça-níqueis. A visita já vale a pena para conferir o belíssimo prédio, inaugurado em 1921. Reaberto em 2012, após o restauro completo do hotel pela rede Sofitel, o cassino fica na parte de trás do edifício. A porta giratória conduz a dois amplos salões, decorados com carpete vermelho estampado e espelhos, e coloridos pelas luzes brilhantes das máquinas que funcionam 24 horas por dia.
Após passar por uma reforma, concluída em maio, o bar do cassino mudou de lugar e ganhou uma bela carta de bebidas, com rótulos nacionais e importados, e petiscos deliciosos. Há mesinhas para quem quer ficar mais à vontade, mas também é possível beber e até bater um papo com os atendentes junto ao balcão.
Para a carta de bebidas, o sommelier Álvaro Aniano resgatou drinks que fizeram parte da história do hotel. Como o Rachel #1, preparado com conhaque uruguaio, suco de frutas cítricas, clara de ovo, bitter de laranja, redução de vinho tannat e mel com especiarias (260 pesos uruguaios, ou R$ 29). Para acompanhar, tapas com queijo provolone e presento cru, brusquetas de presunto e muçarela de búfala, salmão defumado e guacamole, chivitos e bocattas, que variam de 475 a 560 pesos (R$ 53 a R$ 62). Nas noites de sexta e sábado, o palco junto ao bar recebe shows.
Onde: Rambla Republica de Mexico, 6451, Carrasco. Aberto 24 horas por dia.
É um dos mais conhecidos restaurantes de comida italiana do movimentado bairro de Pocitos. Tem um mix bem variado de atrações além da comida: palestras literárias, shows e até karaokê. Pequeno, com iluminação suave que confere um clima bem acolhedor ao local. Massas e frutos do mar são as especialidades do Fellini, com destaque para o sorrentino alla Alfredo (uma massa de formato redondo e recheada com presunto parma, envolta em molho de queijo) e o fetuccine alla putanesca. A carta de vinhos, apesar de não muito grande, traz boas opções de rótulos nacionais, como o Atlántico Sur Tannat, da Familia Deicas/Establecimiento Juanicó.
Como entrada, indico a combinação de queijo brie, cebola caramelizada e lascas de amêndoas, uma delícia para comer bem devagarinho. Entre as sobremesas, uma das pedidas é o tiramissu. Além de deliciosa, a porção é bem generosa.
Onde: José Martí, 3.408 (Pocitos) / Arocena 2.098 (Carrasco). De segunda a sábado, das 10h às 16h e das 18h à 1h. Domingos, das 10h30min às 16h.
Está aí um lugar para se sentir um legítimo cidadão de Montevidéu. É uma mistura de restaurante, bar e lanchonete encravada na movimentada Avenida 18 de Julio, umas das mais importantes da cidade. É um ótimo lugar para tomar café de manhã, fazer um lanche da tarde caprichado ou curtir o happy hour.
A estrela do cardápio é o chivito de lomo (bem parecido com o xis dos gaúchos, porém não prensado). Não deixe de experimentar ainda empanadas, marcianitos (salsicha bock, queijo e presunto envoltos em pão de forma gratinado) e faina (uma massa sequinha feita a partir de farinha de grão-de-bico). Ah, não dá para esquecer os churros (lá, as massinhas fritas são mergulhadas no chocolate quente).
O bar também é referência de dois conhecidos pontos turísticos da cidade: a fonte dos cadeados e a estátua de Carlos Gardel. Ambas foram idealizadas pelos donos do Facal como forma de atrair os turistas.
Onde: Avenida 18 de Julio, esquina com Paseo Yi, no Centro. De domingo a quinta, das 8h à 1h, e sexta e sábado, das 8h às 5h.
Dizem os entendidos que o bar, inaugurado em 1895, é o destino certo para quem quer ouvir tango na capital uruguaia. Além dos shows regados ao som do bandoneon, o Fun Fun é conhecido ainda por servir a uvita, uma mistura de vermute e vinho cuja receita é mantida a sete chaves pela casa.
Os proprietários não cansam de contar que Carlos Gardel, após beber a uvita, dedicou-lhe um tango e uma foto autografada – que, empoeirada, segue pendurada na parede do bar. As paredes, aliás, estão cheias de recordações de outros visitantes ilustres como Astor Piazzolla, Osvaldo Pugliese, Fito Páez e Jorge Drexler.
Além do tango, aos finais de semana, a partir da 1h, o bar abre espaço para outro ritmo típico dos uruguaios: o candombe. Originário dos escravos africanos trazidos para o país, tem forte batida de tambores e é a música oficial do carnaval deles, que dura 40 dias e ocorre entre janeiro e março. Importante: a casa cobra couvert artístico.
Onde: recentemente, o Fun Fun se mudou da Calle Ciudadela para a Soriano 922, esquina com a Convención, também no bairro Ciudad Vieja. De terça a sábado, das 19h30min às 4h.
Com decoração despojada, inspirada em bistrôs europeus, o Jacinto Café & Restaurant é uma ótima surpresa no coração do bairro Ciudad Vieja. Trabalhando com o que chama de cozinha autoral, o Jacinto tem influência das culinárias italiana e espanhola.
Dependendo do lugar que escolher, você pode acompanhar o preparo do seu prato, já que a cozinha é aberta e integrada ao salão. Sugestões: não deixe de provar o nhoque com manteiga de sálvia, ervilhas, crocante de presunto parma, rúcula e limão e o canelone de abobrinha e queijo de cabra, molho de tomate seco, queijo parmesão e manjericão. Os valores variam de 520 a 530 pesos (cerca de R$ 60).
A carta de vinhos privilegia rótulos uruguaios e algumas boas opções da Argentina e do Chile, e os preços por garrafa são semelhantes aos de vinhos gaúchos vendidos em restaurantes do Estado.
Outra atração são os pães e doces. Inspirada nas bakeries de San Francisco, a panaderia oferece opções de pães de massa branca e integral, produzidos com fermentação natural e ofertados bem quentinhos a cada meio-dia. Sob o balcão, é possível encher os olhos com alfajores artesanais, bolos e folhados com o delicioso doce de leite uruguaio. Também serve refrescantes águas saborizadas a 140 pesos (R$ 16).
Onde: esquina das ruas Sarandí e Alzaibar, Ciudad Vieja. Segundas, das 10h às 19h; e de terça a sábado, das 10h à meia-noite.
A cerca de 30 minutos do centro da capital uruguaia fica a Establecimiento Juanicó, a mais antiga vinícola do Uruguai. Surgiu pelas mãos de Francisco Juanicó, que, em 1830, construiu uma cave subterrânea para dar início à produção de vinhos.
Feita de pedras talhadas pelos índios guaranis, a cave tem um engenhoso sistema de circulação de ar, que garante a climatização natural do produto. No andar superior, o antigo galpão foi transformado em um agradável restaurante. As edificações históricas da bodega foram declaradas Monumento Histórico Nacional do Uruguai.
O passeio inclui visita aos vinhedos, à bodega, aos prédios históricos e à cave subterrânea. Com reserva, é possível curtir um almoço preparado pelo chef Alejandro Romero, harmonizado com rótulos da vinícola. Há opções que vão desde o menu Experiência Puro Caráter (US$ 30 por pessoa), com degustação de cinco rótulos, tábuas de queijos, fiambres, pão artesanal e o azeite de oliva produzido ali, até o Experiência Gourmet Família Deicas (US$ 110), almoço com vinhos premium Familia Deicas.
Nessa última, deliciei-me com tábua de frios, sopa creme de espinafre com ovo poché, picanha ao forno com batata rústica, moellas crocantes e molho chimichury. Para finalizar, tartalete de chocolate com sorvete de creme e molho de frutas vermelhas.
Dica: mesmo que não seja fã de vinho branco (como eu não era), experimente o Familia Deicas Single Vineyard Juanico Chardonnay 2015. Para quem deseja abastecer a adega, a vinícola tem uma boutique com vinhos, espumantes, licor e azeite de oliva a preços entre US$ 10 e US$ 1 mil.
Onde: Ruta 5, km 38,2, Juanicó, distrito de Canelones. Visitas podem ser agendadas pelo e-mail visita@juanico.com.
Superplugged
O belíssimo Teatro Solis, símbolo cultural de Montevidéu e palco de produções teatrais e exposições, também abriu espaço para novos talentos. Em cartaz na Sala Delmira Agustini até dezembro deste ano, o espetáculo Superplugged mostra todo o talento do percussionista uruguaio Nico Arnicho.
No espetáculo de percussão alternativa, ele apresenta 13 músicas que reúnem diferentes sons e inusitados instrumentos musicais – uma bacia com água, um cano de PVC, chocalhos indígenas e até um galão, desses usados para carregar combustível, por exemplo. Para assistir, a plateia de 40 lugares recebe fones de ouvido, peça essencial. O mais interessante da apresentação é que todos esses instrumentos sonoros são "plugados", sendo gravados e misturados uns aos outros e à voz de Nico. Para ouvir, fechar os olhos e viajar. O ingresso sai por cerca de 350 pesos (R$ 38).
Onde: Teatro Solis, Sala Delmira Agustini (Reconquista esquina com Bartolomé Mitre). Todos os sábados, às 20h, até 19 de dezembro.
*A jornalista viajou a convite da Azul Linhas Aéreas e do Ministério do Turismo do Uruguai