A tinta vermelha das sementes de urucum enfeitava o rosto das crianças, vestidas com estampas de animais da Amazônia, traje de festa. É assim que os índios kambebas recebem os turistas que desembarcam toda quarta-feira na aldeia às margens do Rio Cuieiras, afluente do Rio Negro, a 60 quilômetros da capital, Manaus.
Reúnem os visitantes no pavilhão da Vila Três Unidos, onde vivem 80 kambebas, e falam um pouco de sua cultura. O porta-voz é o professor Tomé Cruz, estudante de Pedagogia na Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
- Somos originários do Peru e usamos um acessório de madeira na cabeça para simbolizar os povos Omáguas, nossos antepassados, que tinham cabeça-chata - informa Cruz, que migrou com o grupo das margens do Rio Solimões ao Negro em busca de melhores condições de vida.
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Mal desembarcou da lancha, uma turista sacou a máquina fotográfica e disparou em direção às crianças kambebas, para captar o máximo de imagens que pudesse.
- Os turistas não incomodam vocês? - questionei.
- Não. Antes de recebermos os turistas aqui, tínhamos de ir a Manaus vender artesanato. Agora, podemos mostrar nossa cultura e vender nosso trabalho aqui, assim conseguimos investir em melhorias na comunidade. Inclusive, estamos construindo uma pousada - explicou Tomé.
Após contar um pouco de sua história aos visitantes, o grupo apresenta danças típicas e oferece artesanato. Cada família é responsável por uma banca, e os produtos são feitos por um grupo de mulheres. Das dificuldades às margens do Solimões, os kambebas passaram a ser empresários do turismo no Rio Negro.
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