Era um dia daqueles. Eu estava entediado e navegando na internet. E, sem prestar muita atenção, cliquei em um anúncio para saber do que se tratava. No ano seguinte, porém, esse anúncio levaria 68 estranhos a minha casa para passar a noite. Naquele momento ocioso, registrei-me para ser anfitrião em um dos mais bem sucedidos sites de viagens de todos os tempos.
O Airbnb (www.airbnb.com) ainda estava em sua infância. Ele nasceu, acidentalmente, dois anos antes, em 2007, quando a Sociedade Americana de Design Industrial organizou sua conferência anual em São Francisco, e os hotéis estavam abarrotados.
Dois amigos sem nenhum dinheiro se ofereceram para receber pessoas em seu loft por um preço módico. O retorno foi tão positivo que eles perceberam ter descoberto algo. A ideia de ficar em casas de verdade, e com pessoas de mentalidade semelhante, era viável. Havia " fome" por algo mais real e enraizado - não a anonimidade de cadeias de hotéis, frigobares e salas de espera padronizadas.
Quando me tornei um de seus anfitriões, o Airbnb já tinha atingido nível internacional. Hoje, o site lista apartamentos, quartos, casas e até tendas e barcos - do humilde ao palacial - em 186 países e 16 mil cidades.
Avaliado em US$ 1 bilhão, o site enfatiza que está oferecendo mais que apenas um lugar para passar a noite. Ele estende um convite empolgante - conectar-se com os moradores locais, ter uma experiência de vida como apenas os nativos sabem.
Eu não sabia nada disso quando cliquei no link. Nenhum de meus conhecidos sabia. Ao contrário, meus filhos pensaram que eu havia ficado louco, e minha ex previu assassinos com machados e cleptomaníacos.
De fato, se eu soubesse da história de horror do último verão - quando hóspedes do Airbnb destruíram completamente uma casa em Oakland, Califórnia, roubando passaportes e cartões de crédito - não teria ido adiante.
Com segurança
O sistema não poderia ser mais simples. Os viajantes procuram no site as ofertas na cidade de sua escolha, selecionam uma que esteja de acordo com seu gosto e orçamento e mandam um e-mail para o anfitrião, que pode tanto aceitar quanto recusar.
Apesar de os hóspedes receberem uma avaliação dos anfitriões (e vice-versa), marinheiros de primeira viagem - e a maioria deles era - não vêm com avaliações. O trauma de Oakland e o flat destruído foram um alerta para os calmos e jovens fundadores do Airbnb.
Agora, os hóspedes precisam incluir dados pessoais, anfitriões são encorajados a conferir se os números de telefone são verdadeiros, e um seguro de US$ 50 mil foi criado no caso de incidentes.
Nem tudo são flores
É claro que tem um lado ruim. Acho algumas pessoas mais interessantes que outras, e me senti cansado de compartilhar entusiasmo por atrações turísticas. Não gosto de pessoas que deixam seus pratos para eu lavar e - uma vez - seus preservativos para colocar no lixo.
Há momentos entre uns e outros que saboreio o silêncio, a possibilidade de perambular pela casa nu se me der vontade.
Mas compensa
Mas então vieram os tumultos em Londres, e e-mails - de exhóspedes de Eslovênia, Austrália, EUA e Alemanha - perguntando se eu estava bem. É um lembrete. Existem algumas pessoas que querem encontrar pequenas lojas em vez de cadeias sem rosto, experiências novas em vez de caminhos batidos, e pessoas de verdade em vez de robôs. E isso vale toda a roupa para lavar do mundo.