Nem só de tacos, burritos e guacamole - ícones dos restaurantes tex-mex - é feita a famosa culinária mexicana. Considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura (Unesco), a tradição gastronômica do país é uma miscelânea de cores, sabores e texturas.
O milho e o feijão ganham a companhia de outros vegetais, frutas, molhos exóticos e carnes, em composições coloridas, que enchem os olhos dos glutões. A terra do chocolate, onde o cacau brotou originalmente, guarda surpresas para os olhos e os ouvidos, sem deixar de lado o paladar.
Onipresente no prato dos mexicanos, o nopal (foto) é um cacto, semelhante à palma, vegetação encontrada no sertão brasileiro. Refogado com temperos, vira acompanhamento. O vegetal é usado até no preparo das massas de tortilhas, vendidas em qualquer esquina, sob generosas camadas de tomate, queijos e temperos típicos.
A tequila, produto de exportação mais famoso da nação, é outro ingrediente que surpreende. Nas prateleiras de lojas e supermercados do Brasil, é fácil encontrar a versão tradicional da bebida, feita à base de agave azul - um tipo de babosa - destilado. Por lá, há uma festa de variações.
Experimente (se tiver coragem) a bebida com uma larva fermentando no fundo da garrafa. Ela dá um sabor completamente diferente, que lembra o de algo defumado. Para os paladares mais adocicados, uma alternativa é o licor de tequila. Não menos típico, porém desconhecido pelos brasileiros, é o mezcal, uma espécie de uísque mexicano.
Diferentemente da tequila, feita a partir da destilação do agave azul, a bebida é extraída do maguey, ou agave americano. O processo é simples: corta-se o " coração" da planta, cava-se um buraco no miolo e ali, naquele espaço, um sumo doce, o aguamel, é liberado pelo vegetal. Essa essência é retirada por sucção e depositada em um barril de madeira para fermentar durante seis meses. A capacidade de produção é de dois litros por dia.
A produção da bebida não é a única função do maguey. Se descascado, o agave libera uma espécie de papel, chamado de mixiote, usado como pergaminho pelos astecas. Outro subproduto é o ixtle, uma fibra esbranquiçada, base dos trajes usados por povos antigos. Ao ser retirada da planta, a trama já vem com uma agulha na ponta. A variedade e o exotismo das bebidas típicas fazem com que o tema mereça um capítulo à parte.
Quem visita o país deve aproveitar para provar a horchata. Sua aparência esbranquiçada não engana: o líquido, preparado de formas diferentes nos países latino-americanos e na Espanha, leva, em sua versão mexicana, farinha de arroz, canela e leite. Eventualmente, a receita ganha o acréscimo da baunilha. A festa de cores à mesa é garantida pela água de Jamaica. Seu vermelho vivo é resultado da infusão de folhas de hibisco, flor típica da ilha caribenha. O chá costuma ser servido frio, para aplacar o calorão que impera no país.