O melhor passeio é caminhar, sem pressa nem hora certa para chegar a algum lugar. Distraia-se no caminho com as vitrinas, as feiras livres, a arquitetura dos prédios, os turistas falando em idiomas que você sequer supunha existir. Não resista à tentação de provar um sorvete artesanal, entre os melhores do mundo. Faça uma caminhada noturna também. É simplesmente mágico.
Veneza é uma cidade para ser ouvida, além de vista e contemplada. À noite, quando o burburinho de turistas se acalma, o ouvido pode discernir a batida de uma janela que se fecha, as passadas nos degraus de pedra das pontes, as conversas sussurradas, o marulho das ondas e o rangido dos barcos no quebra-mar, a chuva fina nos toldos de lona e o som pesado dos sinos.
Acima de tudo, o som de Veneza é a ausência do som de carros. Se o dinheiro for pouco, esqueça a gôndola (um passeio de uma hora custa até 100 euros na alta estação). Aproveite o vaporetto, que custa 6,5 euros. Você pode, também, comprar passes diários. Há restaurantes com preços acessíveis. Muitos oferecem o "menu turístico": entrada, prato principal e sobremesa, por 15 euros. Ou opte por fatias de pizza, deliciosas.
Cenário de filme
O vaporetto cruza pelos pequenos canais até que, após uma curva, entra-se no Grande Canal de Veneza. É tudo tão diferente e deslumbrante que fica difícil descrever a sensação. Parece até cenário de filme: dos dois lados do canal, prédios históricos e coloridos abrigam restaurantes, cafeterias, galerias de arte, museus, repartições públicas, cassinos e residências de italianos milionários.
Na água, centenas de barcos cruzam nos dois sentidos: é barco-viatura de polícia, de bombeiro, ambulância, barco de entrega de mercadorias de supermercado, vaporettos e gôndolas levando turistas para passeios românticos.
Um Carnaval diferente
Mesmo no inverno - a temperatura, em fevereiro, oscilava entre -2°C e 5 ºC -, Veneza é sempre uma festa, e atrai multidões de todos os cantos do planeta. Em fevereiro, o número de turistas cresce ainda mais por causa de seu famoso Carnaval, conhecido no mundo inteiro especialmente pelas máscaras e trajes suntuosos, à moda renascentista. As malas ficaram no hotel - um prédio construído em meados do século 15.
Em seguida, uma boa caminhada para começar a entender a dinâmica da cidade. Uma plaquinha colada no poste dá a dica: Piazza San Marco à esquerda. Ao chegar lá, outro deslumbramento. Além de todos os belíssimos prédios históricos, multidões de turistas aglomeramse para fotografar e filmar os " foliões" do Carnaval. São pessoas da cidade e de outros lugares da Itália que vestem-se com trajes de brocados e veludos e usam máscaras luxuosíssimas, e vestidos assim, passeiam pelas ruas.
- Isso é o Carnaval? Onde está a música?
O italiano parece não entender bem o que eu pergunto. Diferentemente do Brasil, o Carnaval veneziano não é uma festa tão popular, nem tão barulhenta. Os bailes ocorrem nos salões mais exclusivos dos palácios, onde só entram os convidados vips.
Aos pobres mortais, como nós, turistas classe média, resta apreciar os fantasiados nas ruas. Quem quiser sentir o clima pode comprar uma máscara em qualquer camelô e sair desfilando também. Só não espere escutar por lá algo parecido com o samba. No máximo, uma música clássica. Tudo muito chique, mas senti falta da alegria do povo brasileiro.
Onde fica
Situada na região do Vêneto, no nordeste da Itália, e banhada pelo Mar Adriático, Veneza foi construída sobre uma série de ilhas e se tornou uma das maiores potências marítimas da Idade Média, além de um importante centro de intercâmbio comercial e cultural com o Oriente.
O povoamento da região data do século 6 d.C. Entre 1140 e 1160, a cidade se tornou uma república e, em 1797, foi tomada por Napoleão Bonaparte. Quase um século mais tarde, em 1866, a cidade foi anexada ao reino da Itália, que havia nascido cinco anos antes.
O que fazer
- Caminhar sem rumo pelas ruas de Veneza é uma delícia. Mas faça isso cedo, pela manhã, especialmente nos meses mais turísticos (verão europeu e Carnaval). Milhares de turistas invadem a cidade todos os anos, entupindo suas ruas estreitas.
- Passear pelo Grande Canal. Seja de vaporetto, gôndola ou qualquer outro barco, percorrer esta via e observar a pulsação da cidade é inesquecível.
- Provar pelo menos uma vez o sorvete artesanal veneziano e o capuccino. Não interessa se está frio ou calor, ambos são deliciosos o ano inteiro.
- Visitar a Basílica de San Marco, uma das mais lindas catedrais da Europa, com sua surpreendente coleção de mosaicos.
- A Piazzale San Marco merece, pelo menos, uma tarde de contemplação. É imensa e está sempre cheia de turistas, artistas de rua e pombos. É um enorme quadrilátero rodeado pela Basílica de San Marco, o Campanile, a Torre do Relógio, o Museu Correr e vários restaurantes. Ali perto fi ca, também, o Palazzo dos Dodges ( residência dos governantes de Veneza, no século 9).
- Percorrer a Ponte Rialto, um dos locais mais famosos de Veneza. Além de oferecer belas vistas do Grande Canal, fi ca na região onde se estabeleceu o melhor comércio da cidade.
Saiba mais
Impossível pensar em Veneza sem lembrar de seu símbolo máximo: as gôndolas pretas e vermelhas, que levam os turistas pelos canais da cidade O casal mascarado posa para a multidão de fotógrafos profissionais e amadores no cais do porto, exatamente no local de onde partem as gôndolas A Praça São Marco é ponto de encontro de turistas e também de foliões, que se misturam nas ruas, aproveitando a festa de Carnaval na cidade.