Quem encarou o longo engarrafamento da freeway na última sexta-feira não teve motivos para se arrepender. O primeiro final de semana com sol e temperatura elevada em 2016 atraiu milhares de veranistas às areias do Litoral Norte. Os termômetros bateram 34°C e lotaram praias como Capão da Canoa e Torres.
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No último sábado, em Torres, o dia foi perfeito no mar e nas alturas. A temperatura alcançou 30°C, e enquanto milhares de pessoas aproveitaram para dar um mergulho nas águas da Guarita e da Praia Grande, as ótimas condições do vento levaram dezenas de praticantes de paraglider ao Morro do Farol.
No domingo, o tempo continuou firme em Capão da Canoa e a praia ficou praticamente lotada, com poucos locais na areia para cravar o guarda-sol. O vento diminuiu e a temperatura subiu para 34°C.
Não foi à toa que, com essas condições climáticas, pessoas que jamais tinham pisado em areias gaúchas aproveitaram o final de semana para conhecer o litoral do Rio Grande do Sul. Durante o sábado e o domingo, a equipe de Zero Hora na praia conversou com personagens que estiveram pela primeira vez em Torres e Capão da Canoa ou experimentaram algo diferente.
Mar congelante? Nem tanto
Rafaela de Moraes Galaza, 15 anos, apreciava maravilhada a força das ondas que quebravam fortemente nas rochas da praia da Guarita. Até o último final de semana, a jovem de Santana do Livramento nunca tinha sentido a sensação de ter a areia entre os dedos e como podia ser refrescante um mergulho no mar. O último sábado ficará marcado em sua memória: pela primeira vez na vida, conheceu uma praia.
- Meus pais não têm costume de veranear no Litoral. Quando eu soube que minha tia vinha para Torres, resolvi vir junto - conta a estudante, ao lado da prima, enquanto tirava um selfie na paradisíaca paisagem.
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Indagada sobre o que mais lhe chamou atenção nessa primeira experiência, a estudante pontuou duas percepções.
- Eu não imaginava que a água do mar fosse tão salgada. E outra coisa: tinham me dito que a água era congelante, mas achei a temperatura boa - afirma.
Em sua primeira experiência, a menina de sotaque carregado da fronteira achou incrível a possibilidade de conhecer o litoral gaúcho e diz que pretende voltar.
Lugar de gente boa, diz senegalês
No sol escaldante de 32°C, Mamadou Ndiayc, 33 anos, caminhava com um largo sorriso enquanto oferecia aos veranistas uma dezena de óculos de sol cravados em um pedaço de isopor. O imigrante senegalês de 1,90m, que saiu da cidade de Touba em busca de melhores condições de trabalho, está no Brasil há quatro anos e pisou nas areias de Capão da Canoa pela primeira vez neste ano.
- Eu conheço quase 20 Estados do Brasil. Já morei em diversas cidades. Aqui no RS, é a minha primeira vez. Em muitos Estados, existe gente preconceituosa, aqui no RS, nunca sofri preconceito, esse lugar tem gente muito boa - conta o africano.
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Mamadou conta que sempre trabalha na praia nos meses de janeiro e fevereiro e que, após esse verão, pretende se mudar para o Rio de Janeiro para aproveitar as ofertas de trabalho que os Jogos Olímpicos trarão. O simpático imigrante afirma ter gostado do litoral gaúcho e disse que sua beleza só não se compara ao Nordeste:
- A praia aqui não é feia. Claro que não se compara com Pernambuco, que é muito linda, mas eu gostei daqui.
Uma paixão que nasceu na praia
Um vulto branco chamava atenção para quem mirava o alto das falésias da praia da Guarita. De vestido branco, buquê e um longo véu que brincava com o vento, a nutricionista Michelle Gonçalvez, 28 anos, era a noiva que ofuscava olhares de quem estava em volta. Ela e o noivo, o pastor luterano Tiago Jaske, 32 anos, escolheram o alto do Morro das Furnas como paisagem para o primeiro book fotográfico.
O casal luterano se conheceu na igreja em Capão da Canoa, cidade natal deles, e estão nos últimos preparativos para o casamento, que ocorre em 13 de fevereiro.
- A ideia de fazer as fotos surgiu porque a praia é o nosso lugar, onde nos apaixonamos e começamos a namorar - explica Michelle, que também fotografou em Capão e outros balneários do Litoral Norte.
- Torres é a praia mais linda do litoral gaúcho, por isso viemos fazer as fotos do nosso casamento aqui - afirma Tiago.
Areia traz energia positiva para a roda de capoeira
No final da manhã de sábado, o barulho do mar foi quebrado por um batuque, o som metálico de um berimbau e um coro de vozes que cantavam:
- Paranaue, paranaue, paraná.
No comando da roda de capoeira, que chamou atenção dos banhistas da Praia da Guarita, um jovem mulato de cabelos rastafári chamava um por um de seus alunos para demonstrar as habilidades em frente ao mar.
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O contramestre Pica-Pau, 32 anos, é o responsável pelos 10 jovens de cinco a 25 anos que fazem parte do Grupo Conquistador da Liberdade, projeto que ensina capoeira para crianças pobres da periferia de Caxias do Sul.
- A capoeira é uma ferramenta de transformação social. É a primeira vez do grupo na praia. Estamos aqui em Torres para divulgar o nosso projeto. Fazemos minishows de capoeira para demonstrar as habilidades de cada um. É muito bom ser abraçado pelo público - explica o capoeirista.
De acordo com o contramestre, a combinação de capoeira e praia é perfeita porque carrega energia positiva, uma integração com quem está na areia e o contato com a mãe natureza.
Formações rochosas encantaram texanos
Quem tirava fotos em cima do Morro das Furnas, no último sábado, foi surpreendido por um sotaque gringo que vinha de um grupo de jovens americanos que apreciava a paisagem.
Os 10 estudantes da Universidade Estadual do Texas veio ao Brasil para conhecer e estudar o sistema agrícola do país.
Os jovens puderam conhecer a diversidade da cultura nacional durante 19 dias de viagem. A excursão começou em Manaus, depois foram para Brasília, interior de São Paulo e Minas Gerais, onde conheceram fazendas. O roteiro também passou por Foz do Iguaçu, no Paraná, e Santa Catarina, para a visitação de cooperativas. Ao final da jornada, deslocaram-se para conhecer Porto Alegre, Cambará e Torres.
- Achei Torres muito bonita. No Texas, nós temos poucas praias bonitas, quase todas são planas, mas nenhuma se compara ao visual desta, com suas formações rochosas - afirma a estudante Britney Wilson, 23 anos.