Os veranistas de Imbé tiveram um sossego nas últimas semanas. Depois de um começo de verão com muito agito, centenas de carros com som no talo e milhares de pessoas na Avenida Beira-Mar, como já era de costume, a prefeitura decidiu impor uma medida radical: nenhum carro passa pela orla à noite, às sextas-feiras e aos sábados.
Parece loucura, mas não é. Para que motoristas apaixonados pelo som extremo não perturbem a vizinhança e não estacionem no tradicional ponto próximo à barra do Rio Tramandaí para festas sem limites, a escolha foi banir os carros completamente, o que tornou o antigo ponto de festa um deserto.
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No último sábado, em plena temporada, caminhar pela Avenida Beira-Mar dava a sensação de que o verão era algo distante. Além do vento, que tornava a noite fria, poucos se aventuravam a caminhar pela rua vazia. O balneário se dividiu. Do Hotel Samburá, acompanhando a barra do rio, para o lado de dentro do município, quiosques, bares e restaurantes mantinham a cidade viva. Para o outro lado, seguindo pela beira da praia, uma orla fantasma.
Hotel quase fechou devido a reservas canceladas
De acordo com a prefeitura, a medida foi tomada após um grupo de mais de 50 moradores se organizarem e exigirem alguma mudança. O problema do som alto é recorrente em Imbé. Por concentrar mais baladas do que os balneários vizinhos, a praia virou um point para quem gosta de parar o carro, aumentar o volume e tomar uma birita. De acordo com a prefeitura, trata-se de uma medida alternativa, que está sendo testada.
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- Estava acontecendo um acúmulo de 300 a 400 veículos com som potente e em torno de 2 mil pessoas. O som perdurava pela noite toda, das 21h às 8h, bombando. Imbé estava sendo visto como município que tudo pode em relação à perturbação do sossego. Inicialmente, chegamos a essa alternativa. Se continuar dando resultado, adotaremos - explica Marco Antonio Emerim da Silva, secretário de Segurança Pública e Trânsito de Imbé.
Os moradores, em geral, gostaram da medida. No Hotel Samburá, por exemplo, já se sente a transformação. Em anos anteriores, dezenas de hóspedes cancelavam suas reservas após as primeiras noites mal dormidas. O presidente do Grupo de Hotéis Kimar, Francelino Meregalli da Silveira, chegou a declarar a ZH, em janeiro de 2014, que o hotel estava prestes a fechar. Chegou a devolver até R$ 20 mil reais a clientes insatisfeitos.
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- Finalmente, conseguimos viabilizar uma medida como essa. Aquilo era uma batalha e não somava nada para o município. Hoje, a Brigada Militar consegue manter a segurança sem precisar mobilizar um grande efetivo. Graças a Deus, agora temos um pouco de paz naquele canto de Imbé - afirma Silveira.
Apesar da novidade, somente nesta temporada, de acordo com o capitão Heraldo dos Santos, comandante da Brigada Militar em Imbé e Tramandaí, foram mais de cem autuações, com veículos e equipamentos apreendidos.
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- Temos tido um retorno positivo tanto de moradores quanto de comerciantes. Essa ação ostensiva da Brigada Militar pode ocasionar uma migração do problema, mas ainda não identificamos isso - explica Santos.
Menos barulho
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Praia era point de pessoas vindas de outras praias para aproveitar a noite
Bruno Felin
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