Depois da comoção com a situação deplorável do Rio do Braz, em Canasvieiras, ações começam a aparecer - mesmo que emergenciais. Nesta segunda-feira irá iniciar um processo de limpeza no canal que liga o Rio do Braz ao Papaquara. Técnicos da Secretaria de Obras de Florianópolis trabalham no local com o subsídio da Casan. O vice-governador, Eduardo Pinho Moreira, acompanha os trabalhos junto com outros órgãos competentes durante a manhã.
A ideia é tentar conter o esgoto que desemboca diretamente na área e fez com que todos os oito pontos da praia fossem taxados como impróprios para banho segundo o último relatório da balneabilidade da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), divulgado na sexta-feira. Segundo Fatma, a poluição na praia de Canasvieiras é uma situação crônica e esta não é a primeira vez que 100% dos pontos, ou quase isso, tem condições aquém do necessário para banho de turistas e moradores.
Enquanto opções como o desvio total do leito do Braz para o Papaquara são cogitadas, a Casan anunciou que irá implantar uma quarta bomba na estação de esgoto de Canasvieiras para aumentar a capacidade de transmissão para a estação de tratamento. Assim a Casan espera que assim minimize a possibilidade de extravazamento da elevatória do Rio do Braz. A obra será iniciada nesta semana e tem deve estar concluída em cerca de 14 dias.
Moradores da área também falam colocar sacos cheios de areia para reter o leio do Rio do Braz. Essa prática, eles afirmam, já foi feita diversas vezes e ajudaria a impedir que mais esgoto in natura alcançasse a água.
– O Rio do Braz normalmente é fechado, ele foi aberto recentemente em uma obra. O que acontece é que com a grande quantidade de chuva, ele extravazou. Fechá-lo novamente não irá causar grandes danos ao meio ambiente – explica o engenheiro da Casan, Jair Sartorato.
Os trades de turismo da Capital (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes de SC, Abrasel, Sindicatos) se reunião na Secretaria de Turismo de Florianópolis às 18h desta segunda-feira para avaliar o tamanho dos prejuízos e cobrar ações do poder público.
– Quem já veio com pacotes acaba ficando, mas isso mancha a imagem de Florianópolis e, principalmente, de Canasvieiras. Estamos vendo uma inércia do poder público nessa área e o prejuízo para a imagem da cidade é assustadora – lamenta o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Simulares de SC, Estanislau Bresolin.
Cobertura é total, mas ligações clandestinas dificultam ação
Segundo a Casan, o norte da Ilha tem 100% de cobertura de rede e coleta de esgoto, mas 57% das residências e estabelecimentos comerciais estão com ligações irregulares.
Casan, Federação de Hotéis, Bares e Simulares de SC, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes e Fatma afirmam que não faz parte do escopo de seus trabalhos fiscalizarem ou multarem proprietários de locais com ligações irregulares. Isso está sob a responsabilidade da prefeitura municipal, por meio da Secretaria de Habitação e Saneamento, com o programa Se Liga na Rede.
Técnicos da Vigilância Sanitária têm autorização para multarem caso encontrem ligações irregulares. As penalidades variam de R$ 125 e chegam a R$ 500 mil - dependendo do tamanho do terreno, do número de habitantes e do problema encontrado.
Geralmente, os proprietários são multados com uma multa de R$ 125 em um primeiro momento - independente do tamanho - em caráter educativo. Os responsáveis pelo projeto afirmam que as irregularidades normalmente são resolvidas neste estágio.
Segundo o último relatório do Se Liga na Rede, 3.010 estabelecimentos foram vistoriados apenas em Canasvieiras entre outubro de 2013 e dezembro de 2015. Desses, 51,6% estavam com ligações irregulares.
Segundo a prefeitura de Florianópolis, os técnicos saem diariamente para fiscalizar residências. Eles atuam principalmente por denúncias de moradores e organizações. A Prefeitura também anunciou na manhã desta segunda-feira que irá divulgar a lista atualizada dos residentes e comerciantes que já foram notificados mais de uma vez por ligações irregulares na localidade.