Por Jimi Joe, jornalista e músico
Antes de o músico Jimi Joe conhecer o mar, aos 11 anos de idade, ele se divertia com a família na praia da Orqueta, à base de sanduíches de mortadela.
Só deixei Pedro Osório para conhecer o mar quando tinha uns 11 anos de idade. Foi na Praia do Cassino, que meus conhecimentos rudimentares de geografia regional obtidos no primário do Grupo Escolar Odilo Marques Gonçalves me diziam ser uma das maiores praias em extensão do mundo.
Como dizem os italianos (ah, sim, eu tinha um tio napolitano casado com uma irmã do meu pai!), "se non è vero, è bene trovato". Falar em meu pai, foi ele, creio, que numa das muitas tentativas de "recasar" com minha mãe quem me levou ao Cassino junto com uma cambada de primos.
Mas, para ser sincero, não espero que você queira que eu tenha muitas memórias dessa primeira incursão marítima, a qual, pelo pouco que se me grudou nos neurônios, não foi nada de mais interessante. Por isso, prefiro falar de verões anteriores, quando a família ainda não havia se esfacelado, e íamos todos à fabulosa praia da Orqueta, hoje em dia, pelo que tenho visto no noticiário, um bairro um tanto perigoso de Pedro Osório.
Quando eu andava por volta dos sete anos, era lá, à sombra de frondosas árvores que a família se divertia à socapa, dividindo o tempo entre mergulhos no Arroio Piratini e suculentos sanduíches de mortadela. Da praia da Orqueta, lembro também de uma ponte de madeira que desafiava visivelmente a lei da gravidade e que se tornava intransponível para veículos e pedestres quando o Piratini jogava água pra fora.
Também de lá me vem uma das primeiras memórias trágicas, de alguém contando sobre como um bravo cidadão pedro-osoriense que fazia as vezes de salva-vidas improvisado acabou sucumbindo às águas do Piratini ao se negar, por puro cavalheirismo, de esmurrar uma moça que estava se afogando para que ela se acalmasse e fosse salva.
O resultado da bramura foi, como canta Elomar, que já fez show em Pedro Osório, aliás, que ambos acabaram sendo tragados pela correnteza.
Pois é assim que minhas memórias de veraneio me vêm, fortes e mescladas como a correnteza do valente Piratini, num remix de lembranças de veraneios com belos banhos de rio com histórias assustadoras como a da empregada que me obrigava a fazer a "séstia" entre meio-dia e uma da tarde porque nessa hora, no verão, só o diabo andava solto pelas ruas.
E na minha fértil memória de guri, o (pobre) diabo dos meus verões de antanho era algum tropeiro que eu ouvia passar defronte minha casa sob o tórrido sol do meio-dia...
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