Por Eleonora Rizzo, empresária
Foi em Torres que Eleonora passou por várias experiências, até então inéditas em sua vida, como a primeira reunião dançante, o primeiro biquíni escondido da nona e o primeiro Carnaval de salão.
Somente a leitora Lúcia Fontanive acertou que a criança da página 23 da Zero Hora de terça-feira era Eleonora Rizzo.
Nasci em setembro de 1957 e, em janeiro de 58, já estava em Torres. Meu primeiro veraneio de dois meses completos na praia, como era praxe na minha família. Esta prática começou com o meu nono Alexandre, que lá pelos anos 40 do século passado, ousou construir uma casa, que foi uma das primeiras de veraneio na Prainha, e, desde lá, a família de meu pai, que morava em Porto Alegre, ia para Torres todos os verões.
A viagem era uma empreitada, durava cerca de seis ou sete horas, pois vinha-se pela praia, estrada só tinha até Tramandaí. Meu pai seguiu à risca a tradição de seu pai e, em consequência, eu vivi todos os verões da minha infância e juventude, na bela e encantadora praia de Torres. Todos os fins de dezembro acontecia a esperada mudança da família.
A viagem já não era tão longa como a do meu nono, mas também era uma aventura, pois morávamos em Caxias, e meu pai sempre optava por descer a Serra do Pinto. É, pessoal, naquele tempo não tinha freeway. Nossa, só quem passou por lá sabe. Penhascos, estrada estreitinha de terra batida, curvas fechadíssimas... uma vertigem. E aí, finalmente, Terra de Areia e, depois, o éden, Torres.
Quem vai ver primeiro o mar? Esse era o nosso jogo na chegada. Meu Deus! São tantas as memórias deliciosas: o pão cabritinho e a empadinha do Farol, as barracas numeradas na praia, a nossa era a 66, o sonho feito na hora na rua debaixo, as tradicionais caminhadas na Praia Grande até o Mampituba, a Guarita de tarde, subir o morro do Farol com minha mãe para ver o pôr do sol, andar de carrocinha puxada por cabritos, comprar tapete de trilho e bolsa de palha, comer ambrosia da dona Elsa e, enfim, conviver com meus primos-irmãos Ivone e Zeca por dois meses inteiros.
Tenho no mínimo 18 verões completos para lembrar e aí fico catalogando quantas primeiras vezes da minha vida aconteceram em Torres. É claro, o primeiro banho de mar foi lá, a primeira vez que andei de barco fugida da família para conhecer a encantada Ilha dos Lobos, a primeira pescaria de tarrafa, a primeira vez que andei a cavalo.
Foi lá que estreei a minha Caloi 10 dobrável e que comi o meu primeiro picolé da Kibon. A primeira reunião dançante na Boate Tatuíra, o primeiro biquíni escondido da minha nona. O primeiro amasso, o primeiro porre, a primeira fugida para Rainha do Mar e, sem dúvida, o primeiro Carnaval de salão, na SAPT, é claro. Eu, vestida de telefone levada pelo meu pai pelos salões da folia.
Toda a vez que volto a Torres volto para mim mesma naquele tempo. Torres é minha segunda morada, a morada da alegria, das pequenas e eternas recordações que guardo na melhor caixinha da memória com uma concha, daquelas grandes, para ouvir o mar.
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