Mais de 5,8 mil pessoas vivem em domicílios improvisados no Rio Grande do Sul, conforme o Censo Demográfico de 2022. Isso representa 0,05% da população gaúcha, uma taxa de 53,6 a cada 100 mil habitantes. Essa população mora em locais inacabados ou inapropriados, como tendas e barracas, estruturas comerciais degradadas, veículos e prédios abandonados.
Mesmo assim, o RS está entre os Estados com as 10 menores taxas de moradores vivendo em domicílio improvisado. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que lançou nesta sexta-feira (6) novo panorama do censo.
Esse total não inclui as pessoas que residem em domicílios coletivos, como abrigos, albergues ou casas de passagem para população em situação de rua. Somando com esses tipos de domicílios coletivos, o número de pessoas vivendo nessa situação sobe para 7,7 mil pessoas no RS.
Em contrapartida, o levantamento aponta que existiam naquele ano mais de 604,2 mil domicílios residenciais desocupados no Estado. O relatório traz dados sobre domicílios coletivos, improvisados, de uso ocasional e vagos. Somente em Porto Alegre, o censo registrou em 2022 cerca de 99,6 mil casas e apartamentos vagos.
— Se olharmos para a população dos municípios gaúchos, muitos deles têm menos de 5 mil pessoas. Isso sem levar em conta as moradias improvisadas em comunidades. Ao mesmo tempo, temos um crescimento na quantidade de domicílios particulares vagos ou de uso ocasional. Isso mostra uma contradição. O levantamento aponta que o Estado precisa avançar em termos de políticas de moradia para pessoas nessas condições — destaca o gerente substituto de planejamento e gestão técnica do IBGE, Luís Eduardo Puchalski.
Mais domicílios desocupados
O total de domicílios particulares não ocupados – considerados vagos – saltou 85,2% em 2022 ante 2010 no Estado. O RS registrou 604,2 mil domicílios vagos em 2022, sendo que em 2010 foram contabilizados pelo censo 326,2 mil. Com os dados relativos às pessoas vivendo em condições precárias ou inadequadas, é possível fazer esse comparativo.
O número corresponde a uma pequena parcela da população gaúcha, mas demonstra a vulnerabilidade das moradias de milhares de pessoas. Vale destacar que o censo não leva em consideração as pessoas em situação de rua. Nem todos os indivíduos que vivem em barracas estão em situação de rua. De acordo com o instituto, há uma parcela de trabalhadores do garimpo, por exemplo, que vivem nessa situação.
O estudo também aponta que o Rio Grande do Sul é o Estado com maior taxa de moradores vivendo em asilos. A cada 100 mil pessoas que moram no Estado, 205 residem em asilos ou instituições de longa permanência para idosos.
Panorama no país
No Brasil, pelo menos 160,4 mil pessoas vivem em domicílios improvisados, conforme os dados de 2022. O número representa 0,08% da população brasileira, de cerca de 203 milhões de pessoas. Destas, 57 mil pessoas vivem em tendas ou barracas, segundo o IBGE. Outros 1,9 mil residem em veículos, como carros, caminhões e barcos.
Conforme o IBGE, domicílios improvisados são locais que os entrevistados apontaram como sendo sua moradia, mas que não foram projetados para tanto. Por exemplo: estruturas comerciais degradadas ou inacabadas, calçadas, viadutos, cavernas e outros abrigos naturais ou veículos.
De acordo com o instituto, foi registrada uma queda de 43% no número de pessoas vivendo em domicílios improvisados no Brasil, comparando com o dado de 2010, quando eram 283 mil pessoas.