O último dia da 53ª Ciranda Cultural de Prendas do Rio Grande do Sul foi marcado pela emoção das 79 candidatas que buscam se tornar representantes máximas da cultura gaúcha no âmbito do tradicionalismo. O concurso, realizado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), elege as primeiras, segundas e terceiras prendas do Estado nas categorias mirim, juvenil e adulta, formando uma corte de nove integrantes.
Para conquistar os títulos, as competidoras precisam passar por testes que se iniciaram na quinta (18) e seguiram durante toda a sexta-feira (19). As provas derradeiras foram realizadas neste sábado (20). Já o resultado será divulgado no decorrer da madrugada de domingo (21).
As atividades do último dia de competição começaram por volta das 7h30min no Clube do Professor Gaúcho, em Porto Alegre, cidade que sedia a Ciranda neste ano. As candidatas foram submetidas a uma prova oral e, na parte da tarde, apresentaram aos jurados uma performance artística envolvendo declamação, música e dança tradicionais do Estado.
Esta é a última prova do concurso. É também a mais aguardada pelas participantes, pois representa o fim da longa jornada de estudo e preparação para a Ciranda Cultural de Prendas.
— São quase de três anos de dedicação para estar aqui hoje — conta Bruna de Costa, 28 anos, que representa a 11ª Região Tradicionalista na disputa pelo título de Primeira Prenda Adulta do Estado. — Para concorrer na Ciranda, passamos, primeiro, por concursos nos nossos CTG's e nas nossas Regiões Tradicionalistas. Chegar até aqui, concluir essa última etapa, é uma vitória enorme para a gente — acrescenta.
A prova está nas lágrimas derramadas por Bruna ao fim de sua apresentação artística. Ao deixar o tablado, a candidata foi ovacionada por seus familiares e pelos companheiros da 11ª RT. Tal qual torcida organizada, eles uniram as mãos e formaram um túnel para a passagem da representante.
— A minha região foi fundamental para que eu chegasse até aqui. Apesar de não sermos todos da mesma entidade, é uma união de família — define Bruna, que é vinculada ao CTG Galpão da Saudade, de Serafina Côrrea.
Representante da 15ª Região Tradicionalista, Luana Jacobi, 22 anos, também se entregou à emoção ao fim da última prova. Segundo ela, as candidatas precisam "abdicar de muitas coisas" para conseguir se dedicar ao concurso. O esforço, porém, vale a pena.
— Há uma bibliografia extensa para estudar, aulas de declamação, aulas de oratória, aulas de dança... É uma caminhada difícil, mas que vale em cada segundo. Independentemente do resultado, é isso que nos faz felizes. Não tem como não se emocionar — diz a prenda, que é filiada ao CTG Porteira Aberta, de Bom Princípio.
As vencedoras do concurso serão anunciadas na madrugada deste domingo, durante o fandango de encerramento da 53ª Ciranda Cultural de Prendas. O baile terá show do grupo Alma Gaudéria e será marcado pela posse das novas primeiras, segundas e terceiras prendas mirins, juvenis e adultas do Estado na gestão 2024-2025.
— Essas nove prendas que serão tituladas começam a realizar o sonho que vieram trilhando há muito tempo. Elas irão, agora, botar seus nomes a serviço do tradicionalismo e do Rio Grande do Sul — diz Anna Júlia dos Santos Fraga, Primeira Prenda Adulta do Estado na gestão 2023-2024, que agora se despede da faixa.
— Elas vão viajar muito, conhecer muitos lugares e propagar a cultura do Estado. É um caminho muito gratificante, porque permite estar perto daquilo que pertence a nós, da nossa história, da nossa cultura e das nossas raízes — detalha a soberana, que representa a 1ª Região Tradicionalista e o 35 CTG, da Capital.
No entendimento da presidente do MTG, Ilva Goulart, a posse das novas prendas é simbólica também para o recomeço do Rio Grande do Sul:
— O evento estava programado para maio, mas, com as enchentes, não pôde ser realizado. E agora, em julho, mesmo com todas as dificuldades, estamos realizando a maior Ciranda Cultural de Prendas da história do Movimento Tradicionalista Gaúcho, com 79 participantes. É um evento que carrega uma mensagem de esperança, de amizade e de solidariedade, um marco para a reconstrução de um Rio Grande sempre melhor.