O novo Peão Farroupilha Matheus da Cunha Goggia Neves, 27 anos, levou pela primeira vez o título principal do Entrevero Cultural de Peões para Santa Maria, na Região Central. Natural de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, Matheus mudou-se para a cidade universitária em 2014. Lá, passou a integrar o DTG Noel Guarani e representou a entidade no concurso.
Para conquistar a posição de destaque e representar a cultura, ele precisou demonstrar suas habilidades artísticas e campeiras entre os dias 18 e 20 de abril, em Entre-Ijuís e Santo Ângelo, na Região das Missões. Além dele, mais 15 jovens disputaram na categoria Peão (de 18 a 27 anos). Também foram escolhidos Piá (de 10 a 12 anos) e Guri (de 13 a 17 anos). Segundo o jovem, que é formado em Nutrição e mestre em Ciências da Saúde e da Vida, a preparação contou com muito esforço e de uma rede de apoio:
— Foi desafiador durante todo o processo de preparação, pois temos que abdicar certas coisas e priorizar outras. Mas, já tinha participado do concurso estadual em 2019. Eu era bastante novo, não sei como lidaria com as responsabilidades. Me vejo hoje mais maduro para vivenciar esse momento. Também é importante ter pessoas dispostas a sonhar e viver esse sonho conosco — explica Matheus, que também é estudante de Psicologia.
Escolhas
A aproximação com o tradicionalismo ocorreu ainda na infância. Ele conta que os avós maternos trabalhavam na copa do CTG Presilha do Pago e, por isso, começou a ir em eventos.
— Minha mãe e minha a tia fizeram parte de grupos de dança. Eu entrei para esse mundo em 2006. Em 2014, vim para Santa Maria, para fazer faculdade, onde me identifiquei com o DTG Noel Guarani e passei a fazer parte da invernada artística, além da declamação – conta o jovem, que atualmente é instrutor de invernada pré-mirim, no CTG Os Vaqueanos, de Restinga Sêca.
No Entrevero são testados os conhecimentos da lida campeira — práticas que, hoje, não estão no dia a dia de Matheus.
— Até a adolescência, eu tive mais contato com o campo. Mas depois, o foco foi a parte artística. Hoje, vivo numa região mais urbana. Esse foi um dos maiores desafios, encontrar pessoas que pudessem contribuir no meu processo de preparação para o concurso.
Sobre as suas habilidades, o jovem destaca o seu desempenho na artística:
– Essa parte é meu chão, gosto de me comunicar. Mas, agora, o que acabou fazendo eu conquistar o título foi a prova de rédeas por causa da pontuação.
Na busca pelo título, ele mudou algumas escolhas nas provas. Em vez de trançar a crina do cavalo como fez em 2019, optou por tosar:
– Mas passei um perrengue. Fui cortar e a tesoura estava sem fio. Pedi outra e, de novo, estava sem fio. Só consegui fazer com uma terceira tesoura. Foi um imprevisto que deixou ainda mais desafiador. Além disso, em vez de declamar, que levaria muito tempo, porque gosto de falar, acabei me desafiando e resolvi cantar no concurso. Cantei O Espelho, de Pirisca Grecco.
A estratégia deu certo e ele revela um dos objetivos durante sua gestão como Peão Farroupilha:
– Enquanto peão, vejo a oportunidade de plantar a semente e fazer a diferença na vida das pessoas, em diversos âmbitos. Uma das coisas que pretendo propor para o debate é rever quais são as maiores demandas da juventude tradicionalista. Eu acredito que um dos nossos principais papéis é sermos bons ouvintes para receber as demandas do movimento. É nosso dever nos engajar em causas sociais, como exemplo para próximas gerações.
As Prenda Mirim, Juvenil e Adulta serão escolhidas entre 16 e 18 de maio, na 53ª Ciranda Cultural de Prendas, em Porto Alegre.