Por trás dos badalados pontos turísticos que atraem milhões de pessoas anualmente, Paris esconde diversas histórias e curiosidades muitas vezes desconhecidas de seus visitantes, como o Dia dos Reis – Galette de Rois, em francês – data em que se come uma torta recheada com a miniatura de um rei. Sede dos Jogos Olímpicos de 2024, a capital francesa também adota um calendário escolar com apenas quatro dias letivos e guarda diversas outras peculiaridades.
Em 2023 Paris recebeu mais de 15 milhões de turistas, conforme dados da Euromonitor International. Além dos seus renomados museus, pontos turísticos e mais de 500 restaurantes Michelin, a quinta cidade mais visitada do mundo no período tem particularidades que a tornam ainda mais atrativa.
Com mais de 2 mil anos de história, Paris é um verdadeiro museu à céu aberto. Antes de tornar-se conhecida como Cidade da Luz devido às suas avenidas bem iluminadas, a capital francesa já foi província do Império Romano e palco para uma marcha do exército nazista, com Adolf Hitler pousando para foto em frente à Torre Eiffel em junho de 1940.
As transformações urbanas ao longo dos anos ajudaram a moldar diversas tradições parisienses, como o Gallete de Rois – Dia dos Reis –, celebrado em 6 de janeiro. Na data, os parisienses têm o hábito de comer uma torta doce folhada, recheada com uma surpresa: a miniatura de um rei.
—Durante o mês de janeiro é possível comprar a torta em bloulangeries e mercados parisienses. A brincadeira está em quem encontra o rei — conta a empresária e entusiasta da história de Paris, Patrícia Pazetto, que já visitou a capital francesa cinco vezes.
A reportagem de Zero Hora listou esta e mais algumas curiosidades sobre a sede dos Jogos Olímpicos de 2024, que vão do Gallete de Rois ao transporte público e a arquitetura da cidade.
Arquitetura estelar
Vista de cima, Paris pode lembrar a figura de uma estrela. Com uma arquitetura que mistura traços românticos e góticos, a capital da França que se conhece atualmente foi construída entre 1850 e 1870, em um projeto de renovação urbanística assinado pelo então prefeito Georges-Eugène Haussmann.
No centro da estrela está o Arco do Triunfo, abraçado por 12 grandes e iluminadas avenidas que percorrem cada uma para uma diferente região da cidade. A ideia do projeto era facilitar a circulação de forças militares francesas nas principais vias parisienses, com ruas largas e conectadas.
Boa parte dos edifícios de Paris foram construídos na época, o que lhe tornam históricos, mas resultam em uma série de dificuldades atualmente, como a falta de áreas de lazer, estacionamento e elevador em prédios residenciais e industriais.
Quatro dias letivos
Quarta-feira é dia de “folga” para os alunos do Ensino Fundamental matriculados em escolas parisienses. O calendário escolar tem apenas quatro dias letivos na capital francesa, com aulas na segunda, terça, quinta e sexta-feira.
Além do descanso no fim de semana, os alunos têm assegurados pela lei Ferry, de 1882, o direito ao lazer na quarta-feira. Conforme Patrícia, o objetivo é promover o bem-estar das crianças e “oferecer oportunidades de seu desenvolvimento global”.
Descontos para menores de 26 anos
Estudantes com idade igual ou menor a 26 anos são contemplados em uma série de benefícios que asseguram descontos no transporte público e em espaços de lazer e cultura em Paris. No primeiro domingo de cada mês, diversos museus têm acesso gratuito para pessoas dentro desta faixa-etária, por exemplo.
Com o cartão Imagine’R, estudantes até 26 anos e que residam em Paris podem usufruir de maneira ilimitada do transporte público dentro da cidade, que tem valor anual de 350 euros, cerca de 29,16 euros por mês. Um único bilhete de metrô, para um dia, por exemplo, custa 2,10 euros.
Petanca
Criada em meados do século XX, a petanca é um jogo de origem francesa muito similar a bocha. Em um campo com 15 metros de largura e quatro de comprimento, duas equipes lançam bolas metálicas em direção a uma pequena bola de madeira. Vence a equipe que arremessar mais próximo!
— É tradição jogar petanca em vários pontos de Paris. No pôr do sol, de quintas a domingos, no verão, em dias de tempo bom, o campo de bowling da Porte Dorée no Bois de Vincennes se transforma num campo de petanca. Jovens, adultos, amigos, famílias, se encontram para jogar, beber, comer, apreciar aperitivos, se divertir — comenta Patrícia.
Invasão nazista
Sob comando de Adolf Hitler, o exército nazista alemão desfilou na Champs-Elysées – mais famosa e importante avenida de Paris – na tarde de 14 de junho de 1940. Imagens da época mostram franceses chorando enquanto os militares ocupam a cidade.
Ocupada até 1944, a capital francesa foi dividida em dois territórios: ao norte, governada por alemães; e ao sul, sob ordens do francês Phillippe Pétain, marechal adepto da ideologia nazista.
Em 23 de junho, Hittler pousou ao lado de outros oficiais em frente à Torre Eiffel. Historiadores contam que o mandatário nazista ordenou que o principal ponto turístico de Paris fosse destruído em agosto de 1944, para retardar a aproximação do exército de Aliados – que retomou a cidade – e "humilhar a França", mas teve ordem desobedecida pelo general Dietrich von Choltitz.
Catacumbas
Paris conta com aproximadamente 300 quilômetros de túneis subterrâneos, construídos no final do século XVIII para servir como "cemitério escondido" devido à superlotação dos espaços tradicionais da cidade. Estima-se que a ossada de mais de 6 milhões de pessoas esteja armazenada nas Catacumbas de Paris.
Extremamente organizados, os corredores das Catacumbas de Paris expõem os restos mortais – inclusive crânios – de milhões de franceses que viveram a cerca de 300 anos atrás. Apesar de não ser mais utilizado como cemitério, o local virou ponto turístico e atualmente é aberto ao público.
Relógio de 1371
Fixado nas paredes da Conciergerie, antigo complexo prisional de Paris, o relógio do Palais de la Cité é o mais antigo relógio público do mundo. Instalado em 1371, o objeto revolucionou a vida dos parisienses à época em que apenas os sinos das igrejas marcavam as horas e não haviam relógios pela cidade.
Elaborado por Henri de Vic, o relógio foi encomenda pessoal do rei Carlos V e foi símbolo da emancipação da monarquia francesa junto à igreja católica.
*Produção: Lucas de Oliveira