O dia 25 de julho é uma data especial para motoristas e viajantes, marcada pela comemoração do Dia de São Cristóvão. No Rio Grande do Sul, todos os anos neste dia ocorrem celebrações que incluem orações, missas e procissões motorizadas. Na ocasião, motoristas pedem proteção e bênçãos para suas jornadas nas estradas gaúchas.
A celebração de São Cristóvão está enraizada na tradição cristã de honrar santos que desempenharam papéis significativos na história da Igreja. Ele é venerado como protetor dos motoristas, viajantes, peregrinos e marinheiros, além de ser um dos "Catorze Santos Auxiliares", invocado para proteção contra doenças e perigos durante viagens. Sua popularidade pode ser atribuída à sua inclusão na Legenda Áurea, um conjunto de biografias de santos escritas no século XIII para disseminar valores morais edificantes.
É comum nesta data que paróquias organizem carreatas e padres abençoem os veículos e seus condutores com água benta. Motoristas católicos também costumam carregar uma imagem do santo na carteira, junto com o documento de habilitação.
Quem é o santo?
Segundo a BBC, os primeiros indícios sobre a real existência de São Cristóvão ocorrem a partir da descoberta do padre arqueólogo francês Louis Duchesne (1843-1922). Ele descobriu, em 1878, uma inscrição encontrada em uma pedra localizada nas ruínas de uma igreja na antiga Calcedônia – atualmente parte de Istambul, na Turquia –, reconhecida tradicionalmente como o primeiro templo construído e consagrado em honra ao “martírio de São Cristóvão”.
O texto dizia “com Deus foi lançada a pedra fundamental do martírio de São Cristóvão”, e trazia algumas informações de datas e nomes de autoridades da época. Era a comprovação histórica da existência desse santo ou de que a veneração a sua memória é algo extremamente antigo dentro da história do cristianismo.
Seu verdadeiro nome era Réprobo e não existem muitas informações sobre ele antes de se converter para o cristianismo. Descrito como um homem de grande estatura e força física, gostava de se vangloriar por “servir o maior e mais poderoso rei da Terra”.
Em certo momento, resolveu seguir o "demônio" ao perceber que o próprio rei a quem servia tinha medo. Porém, o guerreiro notou que, quando o demônio viu uma cruz, rapidamente fugiu dela, mudando a direção da viagem. Logo, compreendeu que a figura ligada à cruz era seu verdadeiro rei, por ser aquele com maior força e poder entre todos. A conversão de São Cristóvão para a fé teria ocorrido a partir dessa história.
O soldado acabaria descobrindo, em sua fé, que o tal maior rei da Terra não era “nem o imperador romano, nem Satanás”, mas sim Jesus Cristo. Depois de batizado, ele passou a ser perseguido pelos soldados e, contam as lendas, acabou tendo que se refugiar “às margens de um rio de águas revoltas”.
Em uma noite, um menino foi até ele pedindo para ser carregado para atravessar o rio. O jovem, apesar de muito pequeno, era muito pesado. Ao final do percurso, o menino revelou ser Jesus Cristo, e o peso sentido seriam os pecados do mundo. Com isso, o santo provou que sempre serviria ao Filho de Deus, ficando conhecido como “portador de Cristo”.
A partir deste evento, Réprobo, ganha o nome de São Cristóvão, dotado de um sentido espiritual, como “aquele que carrega Cristo”, e por isso é considerado o padroeiro dos motoristas, condutores e viajantes já que um dia carregou o menino Jesus nos ombros.
Procissões Motorizadas
A devoção a São Cristóvão chegou ao Brasil no século 16, trazida pelos jesuítas, e rapidamente se espalhou por todas as regiões, influenciando a cultura, a religiosidade popular e a construção de igrejas e mosteiros.
No Rio Grande do Sul, as comemorações em honra a São Cristóvão incluem procissões motorizadas que se tornaram um marco no calendário local. Motoristas se reúnem em carreatas, abençoadas por sacerdotes, que percorrem cidades e rodovias, com veículos adornados e música gaúcha animando o percurso.
Em Passo Fundo, no norte do Estado, por exemplo, a procissão motorizada de São Cristóvão é um patrimônio cultural imaterial do município. Há mais de 60 anos, milhares de motoristas se reúnem em julho para celebrar o santo. No próximo domingo (28), cerca de 5 mil fiéis devem se reunir na cidade, para a 63ª edição da Procissão de São Cristóvão.