Abrigos de Porto Alegre e da Região Metropolitana notam diminuição na quantidade de voluntários. Os locais, que recebem desalojados ou servem como centros de recebimento e distribuição de donativos, começaram a atuar com muitos ajudantes, mas, com o passar dos dias, o número foi diminuindo. A prefeitura da Capital reabriu o cadastro online de voluntários na tarde desta quinta-feira (16).
O formulário havia sido fechado após receber 17 mil respostas nos primeiros dias da tragédia climática no Rio Grande do Sul, que afetou muitos bairros de Porto Alegre. Segundo o secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, responsável por coordenar as ações de voluntariado na Capital, muitos inscritos não estão respondendo aos pedidos de ajuda.
— Como o cadastro já estava com milhares de resposta, suspendemos o link. Mas estamos fazendo o chamamento e as pessoas não têm atendido como atendiam antes. Reativamos esse link e esperamos que a pessoa que se inscrever agora não vá declinar. Repaginamos o formulário, para que seja possível selecionar os pontos de ajuda e, assim, atualizar nosso cadastro com novos interessados para que não haja desistência — afirma.
No Centro Logístico de Distribuição da Defesa Civil do RS e na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (Esefid) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por exemplo, há um fluxo constante de voluntários disponíveis. Mas essa não é a realidade de todos os espaços que prestam assistência aos afetados pelas enchentes. Barbosa aponta que alguns locais em Porto Alegre já começaram a relatar dificuldades relacionadas à diminuição no número de ajudantes. Na Região Metropolitana, cenário se repete. Saiba onde ajudar:
Porto Alegre
Vida Centro Humanístico
Localizado na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2132, no bairro Rubem Berta, o Vida Centro Humanístico abriga cerca de 680 pessoas e precisaria de 200 voluntários por dia para funcionar. As áreas que mais precisam de atenção são as de separação e distribuição de donativos. A coordenadora do local, Liliana Cardoso, notou a diminuição na quantidade de ajudantes nos últimos dias.
— Os voluntários são necessários. Sem eles, não venceremos os desafios para os que mais precisam: os desabrigados — pontua. Quem quiser ajudar, pode preencher o cadastro da prefeitura ou comparecer diretamente ao Centro sinalizando o interesse em fazer parte da equipe de ajudantes.
Esefid/UFRGS
Apesar de não precisar de voluntários para atender as pessoas desabrigadas, o centro da Esefid/UFRGS que cuida dos animais de estimação dos desalojados necessita de ajuda. O local conta com 62 cães e oito gatos. De acordo com o coordenador do abrigo animal, Vladimir Pinheiro do Nascimento, o espaço precisa de voluntários para limpar as baias e passear com os bichinhos. Além disso, veterinários e auxiliares de veterinários também são bem-vindos, especialmente para o plantão noturno. Quem quiser ajudar, pode entrar no grupo de WhatsApp deste link.
Sesc
Cerca de 250 pessoas e 45 animais estão sendo abrigados no Sesc da Avenida Protásio Alves, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. O local conta com 150 voluntários, todos colaboradores do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac e, por isso, não precisa de ajudantes para o abrigo de pessoas. Muitos dos animais, porém, estão doentes e precisam de veterinários e auxiliares para ajudar na aplicação dos medicamentos.
A demanda maior de aplicações é no turno da manhã, às 8h, e no turno da noite, às 20h, mas em qualquer horário estes profissionais são bem-vindos. O contato dos interessados em apoiar pode ser feito através do telefone (51) 99214-6024, diretamente com a Desirê Allram, colaboradora que está coordenando o setor de pets no abrigo.
Canoas
Ulbra
Mais de 6 mil pessoas atingidas pela enchente em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, estão sendo acolhidas no campus da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Desde o início da tragédia até esta quinta-feira, cerca de mil voluntários já passaram pela instituição. Atualmente, o local precisa de mais pessoas ajudando.
— Estamos trabalhando com um cadastro de voluntários para podermos organizar de forma mais efetiva o trabalho para um período que, ao que tudo indica, se estenderá ainda por algumas semanas. Quem desejar se voluntariar aqui na Ulbra, deve comparecer na capela universitária no campus Canoas, preencher um formulário, que também pode ser preenchido de forma online, e assinar o Termo de Adesão ao Trabalho Voluntário — explica o capelão da Universidade, André Cardoso.
São Leopoldo
Bigornão
O abrigo Bigornão, na Rua João Goulart, 106, em São Leopoldo, abriga quase 500 pessoas e mais de 50 animais, incluindo cachorros, gatos e galinhas. Segundo a voluntária Ana Cláudia Pinheiro Oliveira, o número de voluntários não é o suficiente para dar conta de todo o trabalho. O local funciona com a ajuda de 30 pessoas, mas Ana Cláudia acredita que o número precisaria dobrar.
— As pessoas se voluntariam mais de dia e à noite não temos muito apoio. Notamos que diminuiu a quantidade de ajudantes porque as pessoas voltaram a trabalhar ou cansaram. Eu vim ajudar num dia e nunca mais saí. Perdi minha casa na enchente também. Quando soube que a água tinha entrado, fui me voluntariar para não pensar no que eu perdi — conta.
Para ajudar, basta comparecer ao local.