Voar como um passarinho. De longe, essa foi a sensação ao andar na segunda maior tirolesa do mundo. Localizada no município de Feliz, no Vale do Caí, o empreendimento tem extensão de 2,5 quilômetros e a travessia parte de uma altitude de 330 metros, no Morro das Batatas, o equivalente a um prédio de cem andares.
Só aí já assusta, né? Quando fui chamada para a pauta, na sexta-feira (19), senti a barriga embrulhar ao escutar esses números. Mas, afinal, por quê? Não tenho medo de altura. Ou tanto medo de altura assim.
Chegando para a pauta neste domingo (21), o frio na barriga voltou. Medo de escorregar do Welt Platz, de onde começa a travessia. Medo de qualquer coisa. Que bobagem!
Enquanto eu estava assim, meu colega, o repórter fotográfico Mateus Bruxel, não continha a animação. Fazia altas poses para pegar todos os ângulos das pessoas descendo. Nesse momento, até voltava a me animar. Mas quando via a fila diminuindo... "Logo mais é a gente", lembrava.
E, claro, não demorou muito para sermos chamados. A travessia parte do equivalente a um prédio de cem andares. E, antes mesmo de partir, já é incrível — o medo passa no instante em que os teus pés saem do chão. Me posicionei na marcação amarela do tablado. Debaixo dela, toda a Feliz. Que loucura de vista. De tirar o fôlego.
Depois de uma contagem regressiva, no "um", voamos. Literalmente, no ar. E, mesmo com a falta de estabilidade que o estar no ar te traz, não deu pra sentir medo. Talvez pelo equipamento de segurança que estava vestindo ser muito confortável. Talvez pela vista estonteante. Talvez pelo meu colega ali do lado. Não que ele pudesse fazer muita coisa se algo desse errado. Mas pela parceria, talvez. Talvez por tudo um pouco.
Por isso, durante a travessia, que dura menos de três minutos, eu garanto: voei. Voei como um passarinho. O corpo não pesa, tu te sentes leve. Apesar do calor de 28ºC que fazia em Feliz no domingo de manhã, a brisa abraçava com força no nosso rosto. Deu para olhar para baixo, para cima. Deu para olhar para tudo. Uma imensidão tamanha que, nem por um momento sequer daquele pouco tempo de travessia, quer se perder de vista tudo que se vê. Olhei, olhei e olhei pra não esquecer.
Talvez ainda, mais do que voar como um passarinho, foi a sensação de tranquilidade que veio no ar por se sentir, realmente, pequena. Um pontinho no meio de Feliz, de quem viu de cima. Tão pequeno que eu e o Mateus não parávamos de rir.
Será que é assim que se sente um passarinho?