Correção: a exposição começa nesta quarta-feira (10), e não na quinta (11) como publicado entre as 22h05min de terça e as 0h20min de quarta. O texto já foi corrigido.
O Farol Santander, em Porto Alegre, será palco para conhecer objetos que narram parte da história do Rio Grande do Sul. A partir desta quarta-feira (10), a exposição Artefatos do Sul: legados da imigração alemã e italiana oferecerá uma coleção com 1.055 peças importantes para o trabalho, rotina doméstica e cultura dos imigrantes.
A mostra, com ingressos a partir de R$ 10, estará disponível no espaço até 23 de junho (veja mais informações no fim da reportagem). A iniciativa é uma homenagem aos 200 anos da imigração alemã e aos 150 anos da chegada dos italianos ao Rio Grande do Sul.
A coleção é mantida pelo casal de arquitetos Tina de Azevedo Moura, 74 anos, e Calito de Azevedo Moura, 84, moradores de Porto Alegre.
As peças começaram a ser adquiridas por ele na década de 1960; a primeira foi um sofá da família de Calito, de origem alemã, que morava em Lomba Grande, hoje distrito de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos.
— Nunca cogitei fazer uma coleção. Comprei uma, depois outra, peguei algumas coisas da família. Fui comprando aos poucos, nunca adquiri lotes grandes, e sim duas, três peças no máximo; depois, passava um ano sem comprar nada e voltava. Foi uma coisa totalmente irregular, sem planejamento, mas, com o passar do tempo, a coleção foi crescendo — conta Calito.
O conjunto reúne cerca de 6,5 mil peças. A maioria dos itens foi adquirida em antiquários do Interior até a pandemia, período em que o arquiteto parou de comprar objetos. Devido ao tamanho da coleção, o casal teve de alugar um depósito. Calito não enumera quais os objetos considera os mais importantes do conjunto, mas dá destaque às ferramentas:
— Algumas são antigas e muito bonitas, concebidas na época da chegada dos imigrantes, por eles mesmos. São curiosas, engenhosas. Por me chamar atenção, comecei a comprar mais peças com diferentes linguagens, para mostrar que, apesar de semelhantes, podiam ter funções distintas. Outras comprei porque tinham detalhes diferentes, como uma decoração, uma curva ou uma letra — explica.
O arquiteto aposentado conta que não pensa em se desfazer das peças nem tem compradores interessados. É também reticente quanto a entregar do acervo a um museu.
— É uma coleção única. Não quero pensar sobre o que será do futuro: isso quem vai decidir são meus filhos e minha mulher. Quando eu “me retirar” de campo, levo uma ou duas pecinhas da coleção (para o caixão), para ficar como se fosse um egípcio — brinca.
Devido ao tamanho do acervo, coube a Adélia Borges, jornalista e historiadora de design, escolher as peças que seriam expostas no Farol Santander.
— Os imigrantes trouxeram técnicas como a marcenaria, carpintaria, ferraria, o curtume. Eles se adaptaram às condições do meio com ferramentas que são uma expressão bela e bem feita do design adaptado às circunstâncias em que são feitas. Com esses objetos, a exposição toca a memória coletiva — comenta.
Adélia destaca que os itens ajudam a contar como as famílias se organizavam e se relacionavam nas décadas seguintes à chegada ao Brasil:
— Quando nascia um menino, o padrinho dava um cavalinho de madeira para essa criança; pela qualidade e esmero da construção, era possível ver a questão das posses, o status social de quem dava o presente. Outra parte interessante são as fotos de época, que mostravam cenas com ênfase na coletividade, em grupos grandes de pessoas. Há cadeiras, portas, banquinhos, ferros de passar roupas de uma época na qual não havia eletricidade — exemplifica a especialista.
Cores emolduram a exposição
A Sherwin-Williams, líder global na fabricação, distribuição e venda de tintas e revestimentos, também participa da homenagem aos imigrantes, por meio da “Minuano Collection”, uma paleta de cores inspirada na região sul do Brasil.
Desenvolvida pelo designer Pedro Franco, elas serão o “pano de fundo” dos objetos expostos, segundo Patrícia Fecci, especialista em cores e gerente de marketing da Sherwin-Williams.
— Elas remetem às memórias afetivas da região. Toda a estrutura está pintada com as cores que vão valorizar ainda mais os objetos: a paleta emoldura a exposição — resume ela.
As tonalidades foram batizadas de "Poncho Gaúcho", "Capim dos Pampas" e "Gota de Chuva".
— O "Poncho Gaúcho", por exemplo, remete à cor de uma lã mais acinzentada. A ideia é transmitir uma memória, uma emoção particular, relacionada ao clima, imaginário e à cultura das pessoas, o que dialoga com a exposição— acrescenta Patrícia.
Serviço
Exposição Artefatos do Sul: legados da Imigração alemã e italiana
- Onde: Farol Santander Porto Alegre, na Rua Sete de Setembro, 1028, Centro Histórico
- Quando: de 10 de abril a 23 de junho de 2024
- Sempre de terças a sábados, das 10h às 19h, e aos domingos e feriados, das 11h às 18h (último acesso para visitação uma hora antes de fechar o espaço)
- Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 18 (clientes Santander)
- Cliente Santander: 10% de desconto se comprar o ingresso com o cartão Santander (em até 8 ingressos)
- Cliente Santander Select: 10% de desconto comprando com o cartão Santander Select (em até 8 ingressos) e prioridade na fila de entrada para o Farol.
- Gratuidade: crianças até dois anos e 11 meses
- Mais detalhes em breve no site do Farol Santander