A música clássica da Alemanha foi a trilha sonora do lançamento da programação do bicentenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul, na noite desta quinta-feira (14), em Porto Alegre. O evento ocorreu na sala da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) e reuniu autoridades políticas e do setor privado.
Obras de Ludwig van Beethoven, Felix Mendelssohn, Johannes Brahms e Josef Rheinberger foram executadas pelo maestro Diego Schuck, o pianista Fernando Rauber e pelo grupo vocal e instrumental Porto Alegre Consort.
— É um repertório relacionado com a cultura alemã, com a música coral e a religiosidade. São peças compostas na época da emigração (para o Brasil) que abordam a despedida do lugar (de origem), a chegada em um local desconhecido e ser acolhido, o que tem a ver com a imigração — explica Schuck.
Até o fim do ano estão programados mais de 120 eventos na comemoração do bicentenário, que incluem atividades culturais, gastronômicas, esportivas, religiosas e educativas. Mais de cem municípios do Estado devem participar da celebração. A programação completa pode ser acessada neste link.
— É inegável a contribuição da imigração alemã para a identidade nacional e do Rio Grande do Sul. É uma influência vivida de maneira real, não é algo artificial. O bicentenário é um momento para valorizar isso — diz Rafael Gessinger, presidente da Comissão do Bicentenário e subsecretário da Justiça e Integridade Institucional da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
Os primeiros imigrantes alemães do país chegaram ao Rio Grande do Sul em 25 de julho de 1824, quando um grupo formado por agricultores, artesãos e soldados se instalou na então colônia São Leopoldo, às margens do Rio dos Sinos, próximo à capital da província, Porto Alegre.
Entre o ano da chegada dos primeiros imigrantes e 1969, 224,2 mil pessoas com origem da Alemanha desembarcaram no país, especialmente no Sul e Sudeste, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
— O Rio Grande do Sul é um Estado que teve a identidade forjada com a colaboração dos imigrantes de origem alemã. Por isso, muitos municípios foram fundados ou têm a criação ligada à imigração; os que não têm conexão direta, têm moradores com essa origem ou descendentes dos imigrantes que contribuíram para a agricultura, indústria, artes, cultura e ciência do Estado — acrescenta Gessinger.
A celebração dos 200 anos da chegada dos imigrantes alemães ao RS foi organizada por meio de um decreto estadual, que reúne diversas secretarias e convidou instituições da sociedade civil para a criação dos eventos. Segundo o Executivo, o objetivo é refletir sobre a contribuição do grupo no passado, no presente e no futuro do país, assim como projetar eventos e ações que possam homenagear a imigração e beneficiar a sociedade. A comemoração também é organizada por municípios gaúchos.
Concertos em 11 municípios gaúchos
Na cerimônia também foi anunciado que a Ospa fará 16 concertos especiais em homenagem ao bicentenário da imigração.
As apresentações serão na Capital e municípios do interior do Estado: São Leopoldo, Taquara, Erechim, Novo Hamburgo, Lajeado, Santa Cruz do Sul, Lagoa dos Três Cantos, Pelotas, Nova Petrópolis, Montenegro.
Os músicos da orquestra dedicarão o repertório aos clássicos da música clássica alemã, em eventos gratuitos até o fim do ano.
O cônsul-geral da Alemanha em Porto Alegre, Marc Bogdahn, citou que a histórica boa relação entre Brasil e Alemanha foi decisiva para a integração dos imigrantes ao país.
— Olhar para o passado ajuda a entendermos o presente e o futuro. No Brasil, a simbiose de imigrantes é um modelo para o mundo — disse.