A Páscoa é uma data importante, celebrada por cristãos e judeus ao redor do mundo. É um momento que envolve aspectos históricos e de crenças de ambas as religiões. A celebração, no entanto, não foi criada pelo cristianismo: a Páscoa judaica, ou “Pessach”, como chamam os judeus, é uma tradição milenar que relembra a libertação do povo hebreu do Egito.
Significado da páscoa
Para os judeus, a Páscoa é “Pessach”, que, em hebraico, significa “passagem”: faz referência à libertação do povo hebreu da escravidão no Egito há mais de 3 mil anos. Em todo o mundo, o dia é marcado pela reunião das famílias judaicas para o seder de Pessach, uma ceia na qual é lembrada a libertação dos hebreus após um longo período de cativeiro.
— Para os judeus significa a passagem do povo que estava sendo escravizado no Egito para a liberdade, que atravessou o Mar Vermelho com Moisés e saiu da escravidão para uma nova aliança. Isso significa “passagem” para os judeus — explica Edison Hüttner, professor do Programa de Pós-graduação em História e Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
A celebração foi depois adotada pelo cristianismo, mas com alterações, pois não faz referência a um evento histórico como a libertação do Egito, e sim à figura central da religião, Jesus, acrescenta o especialista:
— É a celebração da morte, da crucificação e da ressurreição de Jesus Cristo. Para os cristãos é a festa mais importante e mais profunda, e também significa “passagem”. Em toda religião cristã deve existir algo profundo, deve existir algo que remonte para uma vida além desta. E a celebração da Páscoa representa a passagem deste mundo que estamos vivendo hoje para uma vida melhor.
A Semana Santa é o período que antecede a Páscoa para os cristão e quando ocorre a celebração da Paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. Durante o período, há outras festividades. A semana tem início no Domingo de Ramos, uma referência à entrada de Jesus em Jerusalém. Outro momento importante na comemoração é a Sexta-Feira Santa, dia que rememora a morte de Jesus na cruz. No domingo de Páscoa, por fim, é celebrada a ressurreição de Jesus.
Por que a data da Páscoa muda
É normal que as duas celebrações ocorram em datas diferentes. Isso porque a Páscoa cristã é comemorada no primeiro domingo de lua cheia depois do equinócio de primavera (de outono no caso do Hemisfério Norte). Já o Pessach é celebrado por oito dias, e tem início com uma cerimônia na noite do 14º dia do mês de Nisan (o primeiro mês do calendário judaico).
Quando será a Páscoa em 2024?
A data da Páscoa cristã muda anualmente e pode cair entre os dias 22 de março e 25 de abril. Isso ocorre porque a celebração do dia é calculada com base nas fases lunares e nas estações do ano. A data é festejada no primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do início da primavera no Hemisfério Norte, ou do outono, no Sul. Neste ano, o verão termina no dia 20 de março; a primeira lua cheia será no dia 25 de março. Por isso, a Páscoa será no dia 31 de março. Já o Pessach, em 2024, começa ao pôr do sol do dia 22 de abril (segunda-feira) e termina ao anoitecer do dia 30 (terça-feira).
Ovos, coelhos outras tradições da Páscoa
O modo de festejar a data muda entre os religiosos. As atividades litúrgicas fazem parte das comemorações da data. A Igreja Católica, por exemplo, celebra a Páscoa com missas. Entre os hábitos comuns em todo o mundo estão a reunião em família para almoço no domingo e o ato de presentear alguém com ovos de chocolate. Esta última tradição teve possivelmente origem no Hemisfério Norte, em um período em que a celebração da Páscoa era marcada pelo fim do inverno e o início da primavera.
Naquele momento, era comum que os ovos fossem dados como presentes entre pastores e camponeses. O alimento, nas culturas pagãs, trazia a ideia de começo de vida, e também servia para desejar boa sorte. Uma lenda persa ficou célebre e pode explicar a importância do ovo na história: os persas acreditavam que a Terra havia caído de um ovo gigante; por isso, o alimento se tornou sagrado. Além disso, acredita-se que os cristãos primitivos do Oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa para simbolizar a ressurreição.
Não há consenso sobre quando ocorreu a substituição dos ovos cozidos e pintados por ovos de chocolate. Isso pode ter ocorrido pela proibição do consumo de carne animal, por alguns cristãos, na quaresma. Outra versão diz que isso foi motivado pelo surgimento da indústria do chocolate, em 1830, na Inglaterra.
Também há divergência sobre a “adoção” do coelho como um dos símbolos da páscoa. O animal, um mamífero, não bota ovos. Uma teoria afirma que a origem está relacionada à tradição pagã anterior ao cristianismo. À época, o animal era o símbolo de Eostre, deusa da fertilidade, do amor e do renascimento na mitologia anglo-saxã. Por isso, então, o coelho teria passado a fazer parte da tradição comum na Europa, sendo adotado depois por cristãos.
Outra versão diz que quando a Páscoa era comemorada próxima ao equinócio de primavera, o animal era um dos primeiros a serem vistos com o fim do inverno. Esse fato fez com que o coelho fosse associado à ideia de renovação e, por consequência, da ressurreição, um significado da páscoa para os cristãos.