O Brasil caiu para a 89ª posição em um ranking que avalia a liberdade de expressão em 161 países. O levantamento faz parte do Relatório Global de Expressão 2022, publicado nesta quinta-feira (30), pela Artigo 19, uma organização não governamental (ONG) de defesa e promoção do direito à liberdade de expressão e acesso à informação em todo o mundo.
De acordo com o trabalho, entre 2011 e 2021, o Brasil teve um dos maiores declínios de indicadores de liberdade de expressão, com redução de 38 pontos na escala. O resultado só não foi pior do que os registrados no Afeganistão e em Hong Kong.
O estudo mostra que, de 2015 a 2021, o país caiu 58 posições no ranking global de liberdade de expressão, chegando a 50 pontos e ao 89º lugar, o pior registro desde o início da realização do levantamento, em 2010.
O levantamento identifica que, em 2021, o número de ataques a jornalistas e meios de comunicação alcançou o maior patamar desde a década de 1990 no país. Naquele ano, foram registrados 430 ataques à liberdade de imprensa.
"A estigmatização da mídia e a polarização a partir do topo do governo brasileiro dificultou o trabalho da mídia. No trabalho de campo, em vez de serem protegidos por suas identificações, os jornalistas são frequentemente escolhidos, assediados e atacados. O assédio online de Bolsonaro e de seus filhos tem cada vez mais influência - eles são responsáveis por grande parte do assédio online sofrido pela mídia", diz trecho do relatório. Aqui é possível ler o texto na íntegra.
Segundo o documento, 80% da população mundial (6,2 bilhões de pessoas) vivem com menos liberdade de expressão hoje que há dez anos.
O relatório cria uma escala de liberdade de expressão que classifica os territórios em uma pontuação geral que vai de zero a cem, na qual o zero indica um país em crise na liberdade de expressão e cem, com total liberdade.
Por meio de 25 indicadores, a organização analisa e traz métricas da liberdade de expressão em todo o mundo, avalia a garantia de direitos de jornalistas, da sociedade civil e de cada indivíduo de se expressar e se comunicar, sem medo de assédio, repercussões legais ou represálias.