Acaba de ser lançada e está tomando forma a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico), que tem como idealizadores duas pessoas profundamente abaladas pela doença. Ainda sem sede, operando virtualmente, a entidade surgiu em Porto Alegre e pretende prestar apoio jurídico, social e psicológico a interessados de todo o Brasil.
O advogado Gustavo Bernardes, 46 anos, presidente da Avico, desenvolveu uma forma grave da enfermidade depois de ser infectado pelo coronavírus. Entre novembro e dezembro, passou quase um mês internado no Hospital Ernesto Dornelles, aonde chegou com falta de ar, pressão no peito, cansaço e fraqueza. Durante 10 dias, esteve entubado, dependente de um respirador artificial. Após a alta, precisou realizar consultas e exames para avaliar a persistência de sequelas.
Paola Falceta, 46, é a vice-presidente. No início de março, a mãe da assistente social, Italira Falceta da Silva, 81, morreu em decorrência de complicações da covid-19. A idosa passou por uma cirurgia vascular, bem-sucedida, e contraiu o vírus dentro do hospital. Por vários dias, a filha testemunhou o péssimo estado de pacientes em leitos na mesma ala da mãe, já fora do isolamento por não estarem mais transmitindo a enfermidade. No momento do óbito de Italira, Paola estava presente.
Inconformada, a assistente, pós-graduanda em Direitos Humanos, pediu ajuda a Gustavo, com ampla experiência em ativismo social, defendendo causas ligadas aos movimentos LGBT+ e HIV/aids. Os amigos resolveram unir esforços.
— Temos que lutar juntos. O debate sobre a pandemia não pode ficar restrito a ciência e autoridades. A sociedade civil precisa se apropriar dos espaços, opinar. Precisamos nos organizar para sermos ouvidos. As pessoas estão desempregadas, sendo obrigadas a sair de qualquer jeito para trabalhar informalmente, arriscando-se e arriscando suas famílias. A pandemia vai permanecer, não vai acabar com o último infectado. Há pessoas com sequelas que vão precisar se aposentar, outras sofrendo com o luto — justifica Gustavo.
Nesta segunda-feira (12), a Avico lançou a primeira nota pública, em defesa da CPI da Pandemia. Uma das primeiras ações será a organização de um grupo de apoio a enlutados. Os serviços serão gratuitos. No futuro, diz Paola, cogita-se estabelecer o pagamento de uma mensalidade para sócios para viabilizar a manutenção das atividades.
— Minha mãe não estaria morta se não fosse a covid-19. Ela ficaria com a gente por mais um tempo. Talvez tivesse uma morte tranquila. Sofreu muito — recorda Paola, que se emocionou várias vezes durante a entrevista. — Me senti completamente abandonada, desesperada. Como é que eu poderia não vai fazer nada? — completa.
A direção pretende ainda criar núcleos por Estado e promover debates sobre a doença e as consequências físicas, psicológicas e cognitivas, além de defender o Sistema Único de Saúde (SUS), a implementação e o cumprimento de políticas públicas, a vacinação em massa e a pesquisa.
Como entrar em contato com a Avico
- WhatsApp: (51) 98328-1722
- Email: avicobrasil@gmail.com
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