A corrente do bem se formou novamente para ajudar o gravataiense Matheus Quadros, 18 anos. Na semana passada, policiais do RS e de SP se uniram e resgataram o jovem, que tinha planejado começar vida nova com a namorada virtual, mas, ao chegar à capital paulista, "levou bolo" e ficou vagando pelo Terminal Tietê durante três dias, sem dinheiro para voltar para casa. Passado o susto, a chance de um recomeço chegou até Matheus por meio dos donos dos supermercados Pomier.
Kelly e Gilmar Pomier são parceiros de longa data da Brigada Militar em Gravataí e frequentemente contribuem com alimentos e bebidas para os projetos sociais da polícia. Ao ficarem sabendo da história do jovem, que teve grande repercussão na cidade, contataram o órgão e ofereceram a Matheus um emprego como operador de loja.
— No momento em que o dono da rede soube da história, ele nos contatou e disse "eu tenho uma vaga, e ela é para o Matheus" — conta o soldado Diogo Ávila, que foi professor do garoto no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e o grande responsável por articular seu retorno ao RS.
Na próxima quinta-feira (18), Matheus iniciará um período de experiência de 90 dias, assim como ocorre com todos os novos colaboradores da rede. De carteira assinada, uma de suas tarefas será abastecer as prateleiras da loja. Segundo Joelson Trindade, gerente da unidade que fica no bairro Parque dos Anjos, se for efetivado, Matheus terá direito a convênio médico e odontológico e a uma premiação por assiduidade no emprego.
— Os exames admissionais estão marcados e a documentação já está encaminhada. O que pensamos na hora de oferecer o emprego foi "se ele teve toda essa disposição para ir a São Paulo atrás de um amor, por que não lhe dar uma chance de colocar toda essa energia no trabalho?" — conta o gerente.
Perguntado sobre novidades a respeito da jovem que o fez se aventurar em uma cidade desconhecida, Matheus afirmou que nenhum contato entre os dois foi feito desde que foi deixado na rodoviária de São Paulo, e que seu foco está no presente:
— Nunca mais nos falamos e eu já superei. Agora, só estou pensando em trabalhar — disse o jovem.