Não teve risco de contágio nem 90% de ocupação das UTIs capazes de segurar os porto-alegrenses em casa neste domingo (26). Com o sol domesticando o frio, os parques e praças da Capital voltaram a ficar cheios de frequentadores, muitos sem máscara.
A despeito dos sucessivos pedidos das autoridades, famílias inteiras saíram para passear com os filhos, cães, amigos e parentes. Nos principais espaços verdes de Porto Alegre, teve piquenique e futebol, chimarrão e prosa larga. Embora o movimento fosse nitidamente menor do que em um final de semana sem pandemia, houve aglomerações, sobretudo de jovens.
No Parque Marinha do Brasil, muitas pessoas aproveitaram as largas extensões de grama para sentar-se ao sol. Em geral, eram casais ou amigos em dupla, quase todos mantendo obediência ao distanciamento social de outros grupos.
Na pista de skate, porém, havia junções nos dois extremos. Perto do Guaíba, skatistas conversavam animadamente e faziam piruetas, quase todos sem máscara. Na outra ponto, perto da Avenida Borges de Medeiros, a cena era praticamente idêntica, embora com uma taxa de adesão à máscara um pouco superior.
A distância entre as pessoas era maior no entorno do Viaduto dos Açorianos. Espalhadas pela Ponte de Pedra ou ao redor do lago, os frequentadores buscavam um lugar ao sol para fugir do vento que se insinuava ao entardecer. Ao lado do marido Fernando Lima e do filho Bento, de um ano e cinco meses, a jornalista Luciana Teixeira tentava espairecer caminhando sobre o viaduto. Após um mês praticamente sem sair de casa, ela mandou confeccionar um chapéu com escudo facial para o bebê e assim poder passear sem colocar o filho em risco.
— A gente voltou de São Paulo há quatro semanas e praticamente não saiu mais. Como o Bento não pode usar máscara, porque baba e tem perigo de sufocamento, a gente encomendou o escudo. Assim ele pode dar uma voltinha na rua em segurança — comenta Luciana.
Perto dali, na Redenção e no Parcão, a preocupação com a prole não era a mesma. Era possível observar muitos pais acompanhados dos filhos, a maioria sem qualquer proteção no rosto, fosse caminhando, sentados na grama ou nos bancos ao redor de brinquedos infantis.
Equipes da Guarda Municipal observavam a movimentação, quase sempre sem interferir. Com o cair da tarde, o sol que convidou os porto-alegrenses às ruas se escondeu atrás do Guaíba, mandando todo mundo de volta para casa.