Os preparativos já estão a mil. Os aeroportos estão fervilhando, as lojas de fantasias estão movimentadas e muitos blocos já fizeram suas saídas em diversas cidades brasileiras. Tudo isso indica que: o Carnaval chegou. Mas você conhece a origem desta festa?
É difícil para os historiadores precisar onde e quando, exatamente, foram registradas as primeiras festividades carnavalescas, mas crê-se que o ponto de partida de uma das festas mais populares do mundo está no Antigo Egito, período conhecido entre 3100 a.C e 30 a.C.
Jackson Raymundo, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador de Carnaval, explica que os egípcios celebravam os chamados cultos agrários, para festejar as boas colheitas e fazer adoração aos deuses. Práticas parecidas existiam na Grécia com as festas dionisíacas - em homenagem a Dionísio - e no Império Romano, nas saturnálias - em tributo a Saturno:
— É importante ressaltar que nem todas as festas eram manifestações carnavalescas, no sentido que conhecemos hoje, realizadas no período pré-quaresmal. O que elas tinham em comum era a celebração dos deuses da colheita, os exageros alimentares, o consumo de bebida e as orgias. Além disso, as pessoas tinham maior liberdade e esse momento era fortemente caracterizado pela inversão de classes e pela mistura delas.
Já na Idade Média, na Europa, particularmente nas cidades de Paris, Nice, Roma e Veneza, ganha força o modelo de Carnaval que forjou o formato que vemos hoje em dia, com pessoas mascaradas, fantasiadas e desfiles de carros alegóricos.
Carnaval brasileiro
No Brasil, o Carnaval chegou com os colonizadores portugueses. A primeira modalidade introduzida no país foi o entrudo, no século 17. Essa manifestação não tinha música ou dança, ela era caracterizada pelas brincadeiras nas ruas que incluíam, veja só, o arremesso de água, lama e ovos.
— Esse tipo de celebração era muito anárquico. Os entrudos entraram em decadência na metade do século 19 e surgem as sociedades carnavalescas e os clubes sociais negros, que dão ao Carnaval uma nova roupagem — explica Raymundo.
Os integrantes das sociedades carnavalescas, que costumavam ser mais abastados, desfilavam em carros alegóricos pelas ruas da cidade, mas não interagiam, nem se juntavam às camadas populares.
Os cordões, surgidos no final do século 19 e no início do 20, remodelam os entrudos ao criarem a marcha em formato processionário, como se fossem um desfile, assim como as escolas de samba fazem atualmente. Por volta de 1910, os ranchos tomaram conta das ruas. Fortemente atrelados à comunidade negra, eles inovaram ao trazer elementos que perduram até hoje nos Carnavais do Rio de Janeiro, como o samba-enredo próprio, o mestre-sala e a porta-bandeira e os tripés.
Os desfiles com carro alegórico e samba-enredo nasceu na década de 1930. O primeiro concurso entre as agremiações foi promovido pelo periódico Mundo Esportivo, em 1932, diz o pesquisador da UFRGS.
— Para preencher a lacuna de jogos e o noticiário esportivo no início do ano, o jornal criou essa competição entre as escolas de samba, para movimentar o mundo das notícias — afirma Raymundo.
Desde então, o formato pouco mudou, mas a proporção do Carnaval no Brasil aumentou significativamente. A data agregou adereços, acumulou foliões e, já há muitos anos, conquista o título de maior festa do país.