Empossada na noite de quarta-feira (18) como primeira presidente mulher na história do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Gilda Galeazzi, 65 anos, diz se sentir "lisonjeada" e "preocupada" por ocupar a posição. Ela assumiu o mandato de um ano, em cerimônia no Centro de Tradições Gaúchas Tiarayú, na Capital, graças a uma liminar (decisão imediata e provisória) da Justiça.
— Depois de todas as tribulações que tivemos durante esses 18 dias após a eleição, a gente se sente lisonjeada, mas preocupada porque as pessoas estão esperando muito. A gente não quer tirar o espaço do homem: bem pelo contrário, a mulher sempre andou ao lado dos homens e teve um papel decisivo. Temos bom relacionamento com homens e vamos ganhar experiência com eles — afirma Gilda, formada em Administração.
Questionada sobre a expectativa de encabeçar o movimento em meio a uma disputa judicial, a nova presidente afirma que há "certa preocupação" porque "o Rio Grande se dividiu pelos votos", mas que ela trabalhará para "unificar através do trabalho". Em sua gestão, Gilda pretende fortalecer o MTG no Estado.
Não será a primeira posição de liderança dela dentro do MTG: por 18 anos, Gilda foi coordenadora da 7ª Região Tradicionalista, do Norte do Estado. Apesar do pioneirismo, ela nega ser feminista:
— Não me considero feminista. Eu me considero uma pessoa com visão familiar — afirma.
— O que a senhora quer dizer? — questiona o repórter.
— Que preservamos a família. Eu me considero uma pessoa com um familiar forte. Feminista tem a história de empoderar. É assim que entendo o feminismo nesse sentido. Eu tenho acesso e liberdade em todos os ambientes para conversar com homens e mulheres.
Na eleição realizada em 11 de janeiro, Gilda e a outra candidata, Elenir Winck, 61 anos, obtiveram 530 votos cada. Como critério de desempate, a comissão eleitoral analisou a idade de todos os integrantes das chapas. O mais idoso era o suplente do conselho da chapa de Elenir, Wilson Barbosa de Oliveira, que tem 77 anos. Elenir, então, foi declarada vencedora.
Gilda recorreu na Justiça por entender que o critério deveria levar em conta a cabeça de chapa, o que daria a ela a vitória. O entendimento foi confirmado pelo Judiciário por meio de liminar mantida em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).