Quando se aproximava de uma data comemorativa, fosse aniversário, Dia das Crianças ou Natal, o pedido do pequeno Josué Wopala Luiz, hoje com 10 anos, era sempre o mesmo: ganhar um cavalo. Os pais, a caixa operadora Patrícia, 32 anos, e o padeiro Ezequiel Luiz, 37 anos, apesar da vontade de realizar o sonho do filho, explicavam que ainda não tinham condições de presenteá-lo com o que tanto queria. Mas Josué nunca desistiu.
Estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Luiz de Oliveira, no bairro Magistério, em Balneário Pinhal, Josué escreveu uma cartinha ao Papai Noel pedindo de presente o cavalo.
A iniciativa é desenvolvida pela escola há três anos como uma forma de incentivar a escrita e a leitura. São as professoras que adotam as cartas e buscam parceiros fora da escola. Mas quando, neste ano, a alfabetizadora e pedagoga Bianca Leal Tassoni, 52 anos, leu a carta do aluno, veio a surpresa.
– Normalmente, eles pedem brinquedos, bola, patins, cestas básicas, material escolar. Mas cavalo? Meu Deus, eu pensei, vai ser o único que eu não vou conseguir atender – conta Bianca.
Ajuda
Durante uma conversa com a professora Renata Boeira, Bianca descreveu a situação. A colega disse que conhecia alguém que poderia ajudar e, imediatamente, começou a fazer os contatos.
Renata conversou então com Aldo Menegheti, que acolheu a cartinha. No dia 4 de dezembro, a escola realizou a confraternização de Natal entre os alunos. O problema é que o cavalo ainda não havia chegado, pois estava sendo trazido de Mostardas.
Para não frustrar Josué, ele ganhou primeiro um brinquedo (as crianças fazem mais de um pedido nas cartas, para terem uma maior possibilidade de serem atendidas).
– Eu expliquei a ele que o presente dele estava vindo. Mas que não era algo que podia vir pelo correio, não cabia em uma caixa. E ele me questionou: mas ele é vivo? E eu disse: sim. Ele caiu na cadeira, surpreso, a mãe correu para acudi-lo – lembra a professora.
Expectativa e realização
Josué é conhecido entre os professores por ser estudioso, comportado e dedicado. Costuma ir às aulas pilchado, até em dias de calor intenso. Os pais dizem que sempre souberam do desejo dele em ganhar o animal, mas não imaginavam que ele pediria isso em carta.
– Ele ama cavalos desde pequeno, quer ser veterinário. O incentivo veio por meio do tio dele, que tem cavalos. Quando soube que ele ganharia o presente, só por Deus mesmo, fiquei muito feliz. Ele teve febre por dois dias quando recebeu a notícia, no dia da entrega acordou de madrugada e não conseguia mais dormir – conta a mãe.
O presente foi entregue do dia 6, em frente à escola. O encontro emocionou a todos que presenciaram a cena.
– Ele veio caminhando com os pais pela rua, quanto mais se aproximava, ia travando os passos, sem acreditar. Foi lindo – recorda Bianca.
A égua ganhou o nome de Beleza, segundo o menino, por conta da sua exuberância. Desde que chegou à família, está vivendo na cocheira do tio, mas quem cuida dela, claro, é o próprio Josué.
– Eu acordo cedo, lá pelas 5h, 6h, e vou dar água para ela, comida, escovar. Depois, vou para a escola. Quando meus pais chegam em casa, no fim da tarde, posso andar com ela pelas ruas. Estou muito feliz! – confessa o gauchinho.