O Rio Grande do Sul é o pior Estado em acesso à educação, moradia e proteção contra o trabalho infantil entre os três Estados do sul do Brasil. Os dados são do estudo Bem-Estar e Privações Múltiplas na Infância e Adolescência no Brasil, elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — a íntegra do relatório pode ser conferida neste link.
O diagnóstico leva em conta seis indicadores: educação, informação, proteção, água, saneamento e moradia. No Estado, 41,9% das crianças e adolescentes têm pelo menos uma privação entre os itens pesquisados, índice superior à média da região (38,8%). Chama atenção a falta de cuidado com relação ao acesso à educação, que expõe 22,8% das crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos. Nesse quesito, o Rio Grande do Sul tem percentual superior a Roraima (17,8%), a Tocantins (20%), a Ceará (18,1%) e a todos os Estados da região Sudeste, por exemplo.
Comparado aos demais vizinhos do Sul, o Estado é o que tem o menor problema em acesso à informação e é o segundo em acesso à água e saneamento.
Em termos de privações extremas, o Rio Grande do Sul é pior em todos os quesitos, exceto acesso à água e informação. No caso da educação, privação extrema significa crianças e adolescentes que não frequentam escola. Cerca de 8,5% dos gaúchos entre quatro e 17 anos se encontram nessa situação no Estado — contra 5,8% de Santa Catarina e 7% no Paraná.
Em todo o país, 61% das crianças e adolescentes vivem com privações — o principal problema é acesso a saneamento (24,8%) e educação (20,3%).
O estudo foi realizado com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2015 (PNAD), com a utilização de metodologias adaptadas já utilizadas na região e em outras partes do mundo, em particular a da Universidade de Bristol e a Análise de Privações Múltiplas e Sobrepostas (MODA, na sigla em inglês).
— No escritório do Unicef, trabalhamos para que o compromisso assumido pelo Estado Brasileiro se traduza em políticas públicas eficazes para proporcionar oportunidades a todas as crianças e os adolescentes, especialmente os mais vulneráveis. Uma condição essencial para que isso aconteça é que haja investimento suficiente para implementar essas políticas — afirma Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.