O Rio Grande do Sul perdeu o título de Estado mais populoso da Região Sul. O fim da primazia foi revelado nesta quarta-feira (25), em publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em julho do ano passado, conforme estimativas do instituto, os gaúchos ainda eram 2 mil a mais do que os paranaenses. Em 2018, já aparece a ultrapassagem, que vinha se desenhando ao longo de décadas. O Paraná tem hoje, conforme as novas estimativas, 11.348.937 de habitantes, contra 11.329.605 do Rio Grande do Sul.
Quando o primeiro censo foi realizado, em 1872, a população gaúcha equivalia a mais do que três vezes a do Estado a norte. Em 1950, ainda era o dobro. Daqui a 30 anos, o Paraná terá 1 milhão de pessoas a mais.
Com a mudança revelada nas projeções do IBGE para 2018, o Rio Grande do Sul passa de quinto para sexto Estado mais populoso do Brasil.
A troca de posições no ranking é resultado de um processo de queda acentuada da fecundidade gaúcha, que está abaixo de 2,1 filhos por mulher — o mínimo necessário para que a população seja reposta — desde o início do século. Hoje, a taxa entre as gaúchas é de 1,68, a segunda mais baixa do país, atrás apenas da registrada em Minas Gerais (1,62).
Além disso, o Rio Grande do Sul é um dos 11 Estados que se ressentem de um fluxo migratório negativo — ou seja, há mais gente que vai embora do que forasteiros que vêm viver aqui. Entre 2000 e 2010, por causa desses fluxos migratórios, o déficit gaúcho foi de mais de 150 mil pessoas — enquanto São Paulo teve no mesmo período um saldo positivo de mais de 450 mil indivíduos. As projeções do IBGE são de que o Rio Grande do Sul continue a exportar gente nas próximas décadas.
Esse caldeirão, alimentado pelo contínuo aumento na expectativa de vida, colocou os gaúchos na vanguarda de um processo de envelhecimento da população brasileira. É um fenômeno conhecido há décadas, com um desfecho também anunciado há bastante tempo pelos demógrafos: a queda da população, primeiro no Rio Grande do Sul e um pouco mais tarde no Brasil.
O novo estudo do IBGE estabelece uma data para isso acontecer: a população rio-grandense ainda tem fôlego para crescer até 2035, quando atingirá o pico de 11,7 milhões de pessoas. A partir daí, começa a encolher (apenas Bahia e Piauí começarão esse processo antes). Em 2060, estará em 10.945.217 de pessoas. O Brasil como um todo começa a encolher 12 anos depois, em 2048, depois de atingir um ápice de 233 milhões de pessoas em 2047 (hoje são 208 milhões).
— Tanto Piauí quanto Bahia têm fluxo migratório negativo bem alto, então perdem população em termos absolutos. No caso do Rio Grande do Sul, temos um estoque de idosos um pouco maior do que a média de outros Estados. Até os anos 1980, éramos o Estado com maior esperança de vida — afirma Ademir Koucher, supervisor de informações do IBGE no Estado.
Se em 2018 há 66 idosos para cada cem crianças no Rio Grande do Sul, em 2060, a proporção crescerá para 207. A expectativa de vida também deve crescer de 78,29 (a quarta maior do Brasil) para 83,91 (a segunda maior).