Foi percorrendo os corredores do Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre, que a estudante Sofia Vega, 16 anos, de Gravataí, encontrou um sentido para aprender a tricotar, no começo deste ano. E o mais importante: ajudar ao próximo.
É dela a ideia de produzir e distribuir toucas, mantas de lã e outras peças aos pacientes da instituição onde se trata desde os oito anos, devido a uma insuficiência renal. Ao contar a ideia para as colegas do terceiro ano do ensino médio, a jovem recebeu adesões imediatas.
Todas, porém, também precisaram aprender a técnica. O trabalho é acompanhado de perto pela mãe de Sofia, a artesã Dandrea Fontana, 43 anos, a responsável por ensinar às adolescentes a prática do tricô.
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Juntas, em três meses de muito tricotar, já confeccionaram mais de cem peças. Metade foi doada em julho. A outra, concluída ontem por Sofia, será entregue nos próximos dias.
– Cresci vendo o trabalho dos voluntários no hospital. Fui uma das crianças ajudadas por eles. Serviu como inspiração. No ano passado, vi um senhor entregando roupas de lã aos pacientes. Gostei da ideia e sugeri para a minha mãe que fizéssemos o mesmo – conta Sofia.
A ação, pensada inicialmente para ficar apenas entre as amigas, acabou conquistando outros voluntários. Quem prefere não tricotar, doa a lã e as agulhas. Há também aqueles que enviam as peças prontas para serem distribuídas. A corrente cresce a cada dia.
Em tratamento contínuo no hospital, Sofia hoje tricota enquanto aguarda a consulta ou os exames. E o que antes era considerado um período de espera infindável ganhou mais importância.
Por ser menor de idade, a jovem não pode fazer as entregas pessoalmente aos pacientes do Santo Antônio. Ela garante, porém, se sentir satisfeita, mesmo não acompanhando o processo até o fim. A distribuição é feita pelos voluntários adultos – os mesmos que a inspiraram quando ainda era criança.
– Se cada um fizer a sua parte, mais pessoas poderão receber as peças – reforça a estudante.
Durante a semana, cada voluntária utiliza as horas livres para produzir. As reuniões em grupo ocorrem, esporadicamente, nos finais de semana. Para a mãe de Sofia, ver a filha atuando voluntariamente já não chega a surpreender: desde a infância, a garota tem a solidariedade como bandeira.
– Antes dos dez anos de idade, Sofia já promovia ações em auxílio ao próximo. Desta vez, para a alegria de todos, o projeto ganhou mais repercussão e poderá ajudar mais pessoas – comemora, entusiasmada, Dandrea.
Engana-se quem imagina que a produção só voltará a ocorrer no próximo inverno. Com a adesão de mais tricoteiros, Sofia não pretende parar de confeccionar nem no forte do verão. A meta é, no mínimo, triplicar a quantia de peças até 2018 e, quem sabe, ampliar as doações para outros hospitais da região.
Para ajudar
- Contatos via WhatsApp: (51) 99393-7600