A rica variedade de formas dos ovos que os pássaros colocam - elíptica, pontuda, esférica - parece estar ligada à maneira como eles voam, informam pesquisadores. O estudo divulgado na quinta-feira (22) na revista americana Science é resultado da pesquisa mais extensa já realizada sobre um mistério que intriga biologistas há séculos.
– Em contraste com as hipóteses clássicas, descobrimos que o voo pode influenciar a forma do ovo. Os pássaros que são bons voadores tendem a colocar ovos assimétricos ou elípticos – disse Mary Caswell Stoddard, bióloga da Universidade de Princeton e uma das principais autoras do estudo.
Outra descoberta da pesquisa foi que a membrana interna flexível do ovo, e não a casca exterior, é o que gera a diversidade de ovos na natureza.
Até agora, os cientistas apresentaram uma série de teorias sobre a variedade de formas de ovos. Uma delas diz que o lugar onde um pássaro faz o ninho é o que determina a forma do ovo. Segundo esta linha de pensamento, os pássaros que fazem ninhos perto de um penhasco com frequência colocam ovos com forma de cone, de modo que, se eles rolarem, o farão em um círculo estreito e não cairão no precipício.
A fim de resolver o debate, os pesquisadores analisaram as formas de 49.175 ovos de cerca de 1.400 espécies de aves, algumas delas extintas, a partir de um banco de dados do Museu de Zoologia de Vertebrados da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Os ovos foram classificados de acordo com quão assimétricos e elípticos são, e por parâmetros biométricos e ambientais. Os pesquisadores então criaram um modelo matemático que reúne todas as variações de forma e outros fatores.
Assim, eles puderam estudar os vínculos entre as formas dos ovos e os traços fisiológicos dos pássaros, e determinaram que um dos melhores parâmetros para prever a forma de um ovo é a habilidade de um pássaro no voo. A conclusão foi que os pássaros mais aerodinâmicos tendem a colocar ovos longos ou pontudos.
– A variação entre as espécies no tamanho e na forma de seus ovos não é simplesmente aleatória, senão que está relacionada às diferenças de ecologia, particularmente em que medida cada espécie é projetada para voos fortes e ágeis – disse o coautor Joseph Tobias, do Imperial College de Londres.