Se você tem dinheiro para comprar um imóvel, a hora é agora. Mesmo para quem ainda não conta com o valor total para fechar negócio, o momento é propício para arriscar uma oferta ao proprietário. Ao contrário do financiamento – modalidade que deve se tornar mais vantajosa só daqui a alguns meses devido à tendência de queda na taxa básica de juros, como mostrou Zero Hora na segunda-feira (6) –, a compra à vista, com pechincha, pode sair em conta. Conforme especialistas, o comprador que planeja ter a casa própria pode realizar o seu sonho pagando, neste momento, entre 10% e 20% a menos do que o valor anunciado para a venda.
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A hora da pechincha tem explicação: a crise dos últimos anos reduziu as vendas de imóveis, resultando em uma crescente oferta de unidades e no consequente achatamento dos preços. Assim, obrigados a arcar com os custos do imóvel parado – condomínio, IPTU e manutenção –, os proprietários estão cada vez mais receptivos à ideia de negociarem os bens a preços menores do que os de avaliação no mercado.
– Quem tem dinheiro na mão consegue, negociando com donos, descontos entre 10% e 20% do valor total do imóvel – afirma Ricardo Fairbanks Cacciaguerra, diretor da Dinheiro em Foco, consultoria financeira empresarial e pessoal.
– Quem está com dinheiro tem poder de compra muito grande e consegue barganhar melhores preços.
Como exemplo, o consultor conta que em dezembro intermediou a negociação de um apartamento no bairro Ipiranga, zona sul de São Paulo, cujo valor despencou de R$ 930 mil – pedido inicialmente – para R$ 740 mil (20,43% de desconto):– Financiar todo o imóvel continua sendo uma loucura. As taxas de juros seguem absurdas. E o alongamento da dívida por muitos anos depende da capacidade de pagamento do comprador. O momento é propício se você puder comprar à vista.
Vendas caíram 13,05%em período de cinco anos
Conforme o Panorama do Mercado Imobiliário 2016, lançado há algumas semanas pelo Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais (Secovi/RS-Agademi), a carteira de imóveis de Porto Alegre cresceu 4,91% de dezembro de 2015 a dezembro de 2016. Em um período de cinco anos (de 2011 a 2016), a oferta de usados saltou 137,26%.
Já os preços dos imóveis tiveram no ano passado alta de 1,87%, percentual bem inferior ao da inflação – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – do período (6,29%). Assim, o número de vendas consolidadas em 2016 caiu 6,92% em relação a 2015. Considerando o período de 2011 a 2016, a queda foi de 13,05%.
No lançamento do Panorama do Mercado Imobiliário 2016, a supervisora de economia e estatística Lucineli Martins, do Instituto de Estudos Imobiliários do Secovi/RS-Agademi, disse que a crise econômica impactou o mercado imobiliário: – Os dados da capital do Estado mostram que o ano de 2016 foi marcado por um grande aumento das ofertas e uma redução real de preços.
Negociação pode reduzir ainda mais os preços
Os altos índices de desemprego registrados nos últimos anos resultaram em um enorme índice de inadimplência nos contratos de financiamento imobiliário. Hoje, os maiores bancos do país dispõem de um estoque de imóveis retomados por falta de pagamento que soma quase R$ 10 bilhões. Diante da alta oferta de unidades, muitas estão sendo negociadas abaixo dos preços de mercado, oportunidade de ouro para quem busca a casa própria.
O diretor da Di Blasi Consultoria Financeira, Paulo Di Blasi, aposta que em algumas cidades os descontos possam chegar a patamares superiores a um quinto do valor do imóvel.
– Quem quer comprar para morar e tem o dinheiro, agora é uma boa oportunidade, porque se consegue bons preços, sobretudo se o pagamento for à vista – avalia o consultor.
– No Rio, em média, os negócios são fechados 30% abaixo do anunciado quando o pagamento é à vista. Quem tem dinheiro, hoje, tem boa capacidade de barganha.
O consultor Luiz Fernando Schvartzman, sócio da Life Finanças Pessoais, afirma que, para quem tem dinheiro em caixa, o momento é oportuno tanto para a compra quanto para a renegociação do aluguel.
– O momento é propício para negociações. Mas há de se colocar na balança o aluguel – sugere Schvartzman.
– Por mais que a pessoa, às vezes, tenha dinheiro, dependendo da situação, pode ser interessante aplicá-lo na renda fixa e pagar o aluguel com preço negociado e mais barato.