Santa Catarina ainda tem um longo caminho para atingir a excelência no ensino superior. É o que mostram os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2015, divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Apenas 3,6% do total de cursos avaliados no Estado conseguiram conceito máximo na avaliação (veja a lista completa ao final da matéria).
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Apenas dois cursos universitários têm nota máxima em indicador de qualidade do Inep em SC
As instituições públicas obtiveram desempenho melhor que as privadas nos índices; 20,58% obtiveram conceito 4 e 11,7% conceito 5. Entre as particulares, essas porcentagens foram respectivamente 12,8% e 2,17%.
Para o presidente da Associação das Mantenedoras Particulares de Educação Superior de SC (Ampesc), Expedito Michels, a diferença entre públicas e particulares é varivável e depende muito das instituições:
– As privadas trabalham muito na qualidade e algumas públicas às vezes não têm essa preocupação – defende.
A partir das médias dos desempenhos no Enade, o Inep calcula o chamado conceito Enade, atribuído aos cursos avaliados. O conceito vai de 1 a 5, sendo 1 e 2 considerados insuficientes. Em 2015, quase um em cada quatro cursos catarinenses (23,9%) tiveram conceitos considerados insuficientes. No país esse índice foi de 30,3%.
No Estado, a maioria dos cursos atingiram o conceito 3, considerado na média (53,7%). Além disso, 20 cursos não tiveram o conceito calculado devido a mudança de metodologia ou problemas na aplicação do exame.
Michels afirma que erros na hora da entrega das provas, devido ao despreparo da equipe do Inep, impactaram nos resultados de algumas instituições:
– Esses erros tiraram um pouco da credibilidade do próprio sistema. A gente quer um exame que possa realmente mensurar e mostrar quais temas trabalhar dentro da escola.
Nesta edição, foram avaliados 8.121 cursos de 2.109 instituições de ensino. Foram inscritos 549.487 concluintes e 447.056 participaram da avaliação.
Entenda os indicadores
Anualmente o Inep avalia o ensino superior por meio de uma série de indicadores. Um deles é o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), aplicado aos estudantes concluintes do ensino superior. A cada ano um grupo diferente de curso é avaliado. A cada três anos, todos os cursos são apreciados.
Além das provas do Enade, os estudantes respondem a um questionário sobre condições socioeconômicas e sobre o curso e a instituição. O questionário contém, por exemplo, questões sobre infraestrutura e condições de ensino e aprendizagem. Tanto as provas do Enade quanto o questionário são obrigatórios para os concluintes dos cursos avaliados, que ficam impedidos de receber o diploma caso deixem de fazer o exame sem justificativa.
O CPC é calculado com base principalmente no desempenho dos estudantes Enade, nos dados obtidos por meio do questionário do estudante e nos dados dos professores obtidos no Censo da Educação Superior. São considerados por exemplo, o número de mestres e doutores na instituição, bem como as condições de trabalho.
O IGC é calculado com base no CPC e em avaliações dos cursos de pós-graduação feitas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Para que todos os cursos da instituição sejam considerados, o cálculo é feito com base nos três últimos CPCs.
Tanto o CPC quanto o IGC são distribuídos em conceitos de 1 a 5, por meio da chamada curva de Gauss - gráfico de distribuição normal de um determinado conjunto de dados e representa uma função que possui propriedades peculiares -. A faixa 3 é definida pelo Inep como a média. Os cursos que mais se distanciam da média seja para cima ou para baixo são distribuídos nos demais conceitos.
Qualidade
Devido aos mecanismos de cálculo e a distribuição na curva de Gauss, Mariangela explica que os conceitos não dizem se os cursos e instituições são ou não de excelência, apenas permite uma comparação entre os mesmos. Um curso que obtém conceito 5 é apenas um curso que se distancia positivamente da média. "Poderia se tratar apenas de um menos pior dos cursos."
Segundo ela, o Inep, em conjunto com educadores e especialistas, busca formas de melhorar os índices. A intenção é que as questões do Enade tenham uma mesma matriz de dificuldade, o que vai permitir a comparação dos exames de um ano em relação a outro - o que atualmente não é possível - e que sejam estabelecidos critérios mais claros para que uma instituição ou curso receba conceitos máximos ou mínimos.
Os novos critérios deverão ser desenvolvidos ao longo de 2017 e poderão ser aplicados nas avaliações de 2018.