Depois de um ano letivo tenso e que demorou a terminar, devido às ocupações estudantis e à paralisação mais longa dos professores estaduais em 25 anos, 2017 promete ser mais um ano atribulado na educação pública. Previsão de greve e colégios em obras são algumas das dificuldades que terão de ser enfrentadas.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que está "na expectativa" para os obstáculos que terá de enfrentar, mas se prepara como pode diante das dificuldades financeiras do Estado.
– Nós temos feito uma série de ajustes para que se façam as contratações necessárias – diz o secretário Luis Antônio Alcoba de Freitas.
Já sindicatos prometem novos protestos e paralisações.
– Este ano vai ser uma continuidade das lut as de 2016, com mais intensidade – avisa a vice-presidente do Cpers/Sindicato, Solange Carvalho.
Para ouvir as expectativas dos alunos, o DG retornou a duas escolas estaduais de Porto Alegre que tiveram ocupações estudantis: o Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot e a Escola Estadual Araguaia. Além das 2.517 escolas estaduais, o ano letivo começa hoje também nas 99 escolas municipais.
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Emílio Massot: luta por melhores condições
Este deve ser o último ano da vida escolar de Marcos Anderson da Silva Mano, 19 anos, no Colégio Emílio Massot, no Bairro Azenha, na Capital. Embora esteja focado na preparação para garantir uma vaga na Ufrgs – no curso de Matemática ou Sociologia –, o aluno do terceiro ano do ensino médio mantém no horizonte a vontade de melhorar as condições da instituição na qual estuda há 11 anos e que o motivou, em 2016, a participar da primeira ocupação estudantil de escola pública de Porto Alegre.
– É o meu último ano e sou muito apegado à escola. Temos que fazer a nossa parte – conta o morador da Restinga que, nas férias, ajudou a pintar os banheiros e a sala dos professores com tintas doadas e a organizar o depósito de livros didáticos.
Entre as demandas apontadas pelos alunos em maio de 2016, que levaram à ocupação, estava o atraso no repasse da verba da autonomia financeira, falta de docentes e funcionários, parcelamento dos salários dos professores, entre outros problemas. Na época, o dinheiro foi depositado na conta da escola e os recursos humanos chegaram, mas, novamente hoje a Emílio Massot enfrenta o atraso da verba da autonomia.
Conforme a equipe diretiva, o mês de fevereiro foi pago, mas faltam repasses desde outubro de 2016. Com isso, a manutenção da escola, que atende 1.050 estudantes, fica prejudicada.
Educação
Alunos que lideraram ocupações em 2016 falam sobre as expectativas para o novo ano letivo
Reportagem ouviu líderes de duas escolas de Porto Alegre
Roberta Schuler
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