Depois do Uber, do Cabify e de outros aplicativos de transporte individual, o Yet Go, uma start up brasileira, pretende entrar na disputa pelos usuários, principalmente no Interior, onde as opções por esse tipo de serviço são escassas. Desde o lançamento, porém, pessoas nas redes sociais relatam uma série de falhas no aplicativo, como erro ao entrar e fazer login, falta de estimativa de tarifa e dificuldade para pegar um carro.
Com base em Belém – primeira cidade onde atuou – e lançado em outubro de 2016, o aplicativo oferece como opções carros comuns, veículos de luxo, táxis ou motos. A tarifa para todas as cidades é a mesma: para um carro comum, além do valor básico (R$ 3), o quilômetro rodado custa R$ 1,70, e o minuto, R$ 0,15. O UberX, em Porto Alegre, tem valor base de R$ 2,30 e custa R$ 1,20 por quilômetro rodado e R$ 0,20 por minuto.
No Yet Go não há taxa de cancelamento, nem tarifa dinâmica, e as formas de pagamento são em dinheiro e cartão de crédito. Os motoristas, para se cadastrarem, não precisam ter na carteira de motorista a informação de que exerce atividade remunerada, mas passam por uma seleção.
A empresa já opera em 18 cidades do Rio Grande do Sul e 50 no país – com ambição de chegar a 100 –, segundo Jailson Ferreira, sócio fundador, que é de Porto Alegre. O objetivo, segundo Ferreira, é chegar a todas as cidades do Estado que tenham mais de 100 mil habitantes.
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– É difícil atuar no Rio Grande do Sul. Tivemos de sair daqui antes, para depois voltar, mas fomos bem recebidos. Temos poucos carros online, porque são poucos usuários no RS – diz Jailson. Ele afirma que até o início de março, o Yet Go terá um serviço específico para que passageiras possam optar por motoristas mulheres. Segundo ele, o aplicativo vai pedir o CPF dos usuários por segurança. – Todos os aplicativos têm erros, mas, como o nosso foi lançado há pouco, recebemos mais críticas. Vamos ter mais atualizações, corrigir bugs e mudar o layout.
Por enquanto, na internet, usuários reclamam que não há como calcular o preço da corrida. No Facebook da Yet Go, outro cliente, de fora do RS, diz que o aplicativo trava a todo momento.
No Estado, Jailson afirma que há 1.728 motoristas aprovados para rodar. Em Porto Alegre, 422 motoristas estão cadastrados. Na tarde desta segunda-feira, no entanto, em um período de mais de duas horas – entre as 15h43min e 17h50min – a reportagem de ZH fez repetidas tentativas e não conseguiu um carro. A situação é a mesma com outros usuários que tentaram testar o serviço.
Leonardo Klein Rocha, de 33 anos, que trabalha com vendas, tentou pedir um Yet Go na Capital seis vezes.
– Não foi por falta de tentativas – diz Rocha.
Uma jovem de 26 anos, que prefere não se identificar, afirma que ficou sabendo do serviço depois de um evento na Capital onde havia representantes do Yet Go. Ela também não conseguiu um carro.
No Interior, há quem aprove o serviço
Em Santa Maria, onde o serviço foi implantando oficialmente apenas nesta segunda, a estudante de enfermagem Natalia Maraschin Rodrigues afirma que já vinha usando o app há algumas semanas e teve boas experiências. Ela trocou o táxi pelo Yet Go para ir às consultas de fisioterapia. O trajeto até à clínica, do bairro Divina Providência, até o Centro, foi feito em um veículo novo e custou cerca de R$ 8. Com táxi, o valor ficaria entre R$ 14 e R$ 15.
– O carro chegou na hora. Achei uma ótima opção, bem mais barato. Gostei do preço, de saber quem será o motorista e do atendimento – opina.
Na cidade, a prefeitura se manifestou por meio da assessoria de imprensa afirmando que a Yet Go não fez contato formal e que, do ponto de vista jurídico, é um serviço irregular. A prefeitura também informou não ser contra o aplicativo, mas defendeu a necessidade de uma legislação para regulamentar o serviço.
Em Caxias do Sul, Alvanir Ferreira, 46 anos, cadastrou-se para dirigir o aplicativo brasileiro e também atua pelo Uber. Ele afirma que ainda não pegou nenhum passageiro pelo Yet Go. Na cidade da Serra, a tarifa do Uber tem preço base de R$ 2, mais R$ 0,15 por minuto, e R$ 1,20 por quilômetro rodado. O mesmo percurso de cinco quilômetros, com duração de 20 minutos, daria R$ 11 com o Uber e R$ 14,50 com o Yet Go.
– Não há chamadas. Fico todo o dia online e não consegui nenhuma. O aplicativo não está perfeito ainda, mas há espaço. Caxias é uma cidade grande – diz Ferreira.
O secretário de Trânsito de Caxias, Cristiano de Abreu Soares, ouviu falar da Yet Go apenas pela imprensa. Segundo ele, há uma recomendação do Ministério Público de não multar os motoristas por oferecerem esse serviço.
Veja as cidades onde o Yet Go está atuando
Porto Alegre, Alvorada, Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, Santa Maria, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Tramandaí, Viamão e Xangri-lá.
Nota de esclarecimento da empresa
A Yet Go explica que a grande procura pelo aplicativo na capital gaúcha pode gerar alguma demora ao solicitar o serviço. A empresa ressalta que a seleção dos motoristas e dos veículos é mais rigorosa que nos concorrentes, por isso a plataforma ainda segue cadastrando e analisando novos profissionais.
Em Porto Alegre, dos 597 motoristas aprovados, 280 já estão trabalhando. Outros 435 profissionais estão com pendência de documentos. 2.309 usuários já baixaram o aplicativo.
Desde o lançamento, em novembro, a empresa cresceu 500%, se consolidando como a segunda plataforma de mobilidade urbana do Brasil. A operação já acontece em mais de 100 cidades do país. Em março, chega a São Paulo e ao Rio de Janeiro. Nestas capitais, o APP está na fase de cadastro de motoristas. Além da análise de documentos, a empresa está verificando antecedentes e até as redes sociais destes profissionais para garantir a segurança dos passageiros.