A Operação Golfinho deve iniciar neste sábado sob alerta. Isso porque, na última temporada, o número de mortes em locais onde não há cobertura de salva-vidas foi 80% superior à anterior. Entre 19 de dezembro de 2015 e 28 de fevereiro de 2016, 79 pessoas perderam a vida em áreas não monitoradas no Estado, mais de uma vítima por dia.
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Na operação retrasada, entre 20 de dezembro de 2014 e 1º de março de 2015, 44 pessoas morreram afogadas onde não há profissionais para vigiar os banhistas. Em áreas cobertas pelo Corpo de Bombeiros no Litoral Norte, no Litoral Sul e em águas internas, seis pessoas perderam a vida no último veraneio, metade das vítimas registradas no anterior.
Por isso, o coordenador de operações dos salva-vidas da Operação Golfinho, major Julimar Fortes Pinheiro, pede aos gaúchos que procurem áreas com cobertura dos bombeiros para se refrescar neste verão. Além disso, é preciso respeitar regras de segurança e balneabilidade dos locais.
– Os dados sobre os afogamentos só não são mais alarmantes do que as mortes no trânsito porque não temos 12 meses de calor. São muitas ocorrências. As pessoas precisam se conscientizar, porque quase todos os casos ocorrem por imprudência – diz.
Na última Operação Golfinho, o corpo de bombeiros manteve 314 guaritas com salva-vidas, sendo 220 no Litoral Norte, 29 no Litoral Sul e 65 em águas internas, como rios e lagoas. Apesar da alta de mortes em locais não monitorados, o órgão deve manter o mesmo número de guaritas nesta temporada. Embora o Corpo de Bombeiros tenha recebido pedidos para incluir novos locais na cobertura, nenhum deles foi avaliado como viável.
– Não podemos por salva-vidas em locais não indicados para banho pela Fepam ou com condições geográficas que não possibilitem salvamentos – argumenta Fortes.
As áreas que terão cobertura e o número de salva-vidas só devem ser divulgados neste. Fortes explica que não há dados consolidados porque os profissionais estão passando por cursos de atualização ou formação. A expectativa é de contar com cerca de 1,2 mil salva-vidas para o veraneio, entre bombeiros e civis, cem a mais do que na última temporada.
Todo cuidado é pouco
Na última temporada, 60% das pessoas salvas de afogamentos tinham menos de 20 anos: 504. Apenas em relação à faixa etária 226 crianças ou adolescentes que foram tirados d'água em situações de perigo, tinham entre 11 e 15 anos.
– Mesmo em áreas com salva-vidas, os pais não podem deixar os filhos se banharem sozinhos. É preferível ouvir o choro de um filho por causa de um não do que chorar a morte dele – alerta o major.
Entre adultos, um dos principais fatores de risco é a ingestão de bebidas alcoólicas antes de entrar na água.
– Para se refrescar, vale a mesma regra do álcool e direção: não combinam – reforça o subchefe de comunicação da Brigada Militar, major Euclides Neto.
É preciso também respeitar a regra de nunca ficar com a água acima da cintura. Fortes explica que o litoral gaúcho tem um relevo muito irregular, com buracos que mudam de profundidade em um passo. O mesmo vale para os balneários de água doce.
O subchefe de comunicação da BM, major Euclides Neto, alerta que o fundo dos rios, lagos e lagoas pode ser modificado de um ano para o outro, em razão das correntes e de temporais. Por isso, quem acha que conhece o local do último veraneio pode se colocar em situações de risco. Também não basta saber nadar, pois as correntes do mar e das águas doces podem dificultar a natação.