O número de adultos que sofrem de diabetes quadruplicou desde 1980. Atualmente, o problema afeta 422 milhões no planeta, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), e o Brasil já é o quarto do mundo em número de pessoas acometidas pela doença. Só em Santa Maria, conforme informado pela enfermeira Evanir Parcianello, responsável pela política das Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (Dant) da prefeitura, há cerca de 1.890 homens e 3.140 mulheres diabéticas na cidade. Os dados têm base no levantamento do Ministério da Saúde realizado em 2014.
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O número segue em crescimento e a comunidade médica trabalha para frear o problema. Em outubro, a OMS fez uma solicitação aos governos para que aumentem o imposto sobre as bebidas açucaradas para combater o problema da obesidade no mundo. A entidade afirmou que a medida poderá reduzir o consumo dos produtos e salvar vidas.
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O mês de novembro – sobretudo o dia 14 instituído como Dia Mundial do Diabetes desde 1991 pela OMS – concentra diversas ações de prevenção e conscientização. Isso porque os especialistas são unânimes: quanto mais cedo o paciente diagnosticar a doença, mais chances terá de evitar as complicações que ela causa, inclusive a morte.Nesta edição do Bem Viver!, saiba um pouco mais sobra causas, sintomas e tratamentos do diabetes tipos 1 e 2.
Conscientizar para minimizar
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, 90% dos doentes são portadores do tipo 2 . Trata-se de uma versão pouco sintomática do mal, que pode passar despercebido e retardar diagnóstico, tratamento e favorecer a ocorrência de complicações. A presença de uma ou mais das seguintes condições sugerem a possibilidade de presença da doença: familiares próximos portadores de diabetes, idade superior a 45 anos, excesso de peso ou obesidade, pressão alta, colesterol elevado e mulheres cujos filhos nasceram com mais de 4 quilos. Outro ponto de atenção é ter a gordura concentrada na circunferência abdominal (a medida da cintura). A zona de aletra é de 92cm para mulheres e 102cm para homens.
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O médico endocrinologista Marcos Troian, com cerca de 40 anos de atuação na área, enfatiza:
– Falta conscientização sobre o diagnóstico. A maioria dos pacientes já chega com complicações. Fazem exames de rotina em clínicos gerais, sendo que, em geral, já têm obesidade, hipertensão ou são sedentários.
Troian salienta que são necessários exames completos e reavaliações a cada quatro meses para detectar a doença. O exame de sangue feito em jejum não é suficiente para o diagnóstico. O indicado é o de tolerância oral, feito em jejum e refeito duas horas depois, após uma sobrecarga de glicose.O diabetes se desencadeia quando o pâncreas não produz insulina (hormônio que regula o nível de açúcar no sangue) suficiente ou quando o organismo não consegue usar com eficácia a quantidade que produz.
Avançam medicamentos e tecnologias
Conforme o médico Marcos Troain, até dois novos medicamentos com fórmulas adequadas para segurança cardiovascular do paciente diabético são lançados por ano. Contudo, não são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Vale lembrar que a tecnologia que acompanha o tratamento vai desde teste com tiras e monitores, passando por aparelhos não invasivos para medir a glicemia (sem agulhas) e bombas de infusão de insulina. A torcida da comunidade médica é que avancem as pesquisas para o utilização do pâncreas artificial.
Convivendo com a doença e aproveitando a vida
Quando presentes, os sintomas mais comuns do diabetes são: urinar excessivamente (inclusive acordar várias vezes à noite para urinar), sede excessiva, aumento do apetite, perda de peso (mesmo comendo de maneira excessiva), cansaço, vista embaçada ou turvação visual e infecções frequentes, sendo as mais comuns as de pele.
No diabetes tipo 2, esses sintomas se instalam de maneira gradativa e, muitas vezes, podem não ser percebidos. Ao contrário, no diabetes tipo 1 os sintomas se aparecem com rapidez – em especial emagrecimento, urina e sede excessiva. Quando o diagnóstico é feito rapidamente, o quadro de saúde dos portadores do tipo 1 piora muito, podendo até causar coma. Quaisquer que sejam os sintomas, um médico deve ser procurado imediatamente para realização de exames em busca do diagnóstico.
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Aos 9 anos, Ana Clara Ana Werlang, hoje com 14, foi diagnosticada com diabetes após parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela tem a diabetes do tipo 1, e conta que já apresentava, havia anos, sintomas como tontura, cansaço, tremores, fome e sede exageradas e sensação de garganta seca. Mas só descobriu a doença quando as taxas de glicose no sangue atingiram níveis máximos.Atualmente, virou uma assídua leitora de rótulos e afirma levar uma vida como a maioria dos adolescentes, salvo as aplicações diárias de insulina, prática de exercícios e cuidados com alimentação.
– Fácil não é, mas se a gente não tratar a doença como um desastre, a adaptação se torna simples. Eu como praticamente de tudo, mas cuido a quantidade e consumo muito os produtos light. Sempre que tenho vontade de comer algo, leio rótulos e penso: “será que tem açúcar e em qual quantidade?” – conta a adolescente.