Quando conversa com a criançada que participa das atividades na biblioteca comunitária Ilê Ará (que significa Casa do Povo, na língua africana iorubá), no Morro da Cruz, Bairro Partenon, na Capital, o coordenador da biblioteca e professor de História Luiz Augusto Alencar dos Santos, 50 anos, o professor Guto, reforça:
– Nós não precisamos de heróis, precisamos de lideranças.
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No cotidiano da biblioteca que atende cerca de 1,5 mil leitores por mês, nomes como Nelson Mandela e Martin Luther King são constantemente citados, bem como outras personalidades negras. Há pouco mais de um ano e meio, Guto viu o movimento da biblioteca afro aumentar.
A música – o rap Por Um Vinte de Novembro é um exemplo –, a dança, e o modo positivo como lida com a criançada são algumas das razões às quais ele atribui a aproximação do público.
– Também por eu ser negro, por estudar bastante – acrescenta o professor.
Grafitado no muro
Outra prova do reconhecimento de Guto como referência na comunidade está estampada no muro da biblioteca, um grafite com o rosto dele, feito recentemente.
– Sou extremamente respeitado e tenho uma responsabilidade enorme com essa gurizada. Me sinto comprometido – afirma.