Cientistas de equipes lideradas por astrônomos brasileiros descobriram dois novos planetas, conforme o site G1. Chamados de super-Netuno e super-Terra, eles orbitam a estrela HIP 68468.
O astrônomo Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e líder da pesquisa, explica que um dos principais objetivos do estudo era comparar o sistema solar que habitamos com outros sistemas planetários. A descoberta foi publicada na revista "Astronomy & Astrophysics".
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Os planetas recém-descobertos se comparam a Netuno e à Terra quanto às massas, mas orbitam a uma distância muito próxima da estrela. Isso sugere que os planetas tenham migrado de uma região mais externa para a região mais interna do sistema.
Com 6 bilhões de anos, a estrela HIP 68468 fica a 300 anos-luz da distância da Terra. Enquanto o super-Netuno tem uma massa 50% maior que a do Netuno, a super-Terra possui massa três vezes superior ao planeta em que vivemos.
Estrela pode ter engolido um planeta
Além da descoberta dos novos planetas, os cientistas identificaram, por meio da constatação de que eles migraram para mais perto da estrela, que ela pode ter engolido outro planeta. Um dos indícios disso é que a HIP 68468 possui excesso de lítio, elemento mais abundante nos planetas e pouco comum nessa quantidade em estrelas.
– Especialmente o planeta que está mais próximo, pode ser facilmente engolido. Mesmo que sua órbita seja estável, o planeta está tão próximo de sua estrela que de qualquer jeito vai ser destruído. As estrelas, quando evoluem, vão aumentando de tamanho. Basta que essa estrela aumente um pouco seu tamanho para destruí-lo – disse Melendez ao G1, referindo-se à super-Terra.
Essa possibilidade de os planetas serem engolidos no sistema solar não ocorreria por causa de Júpiter, acredita o cientista. Melendez afirmou que Júpiter atuaria como uma barreira que não permitiria que os planetas gigantes migrassem para as regiões mais internas. No sistema planetário descoberto, não existe um planeta equivalente a Júpiter.
– Isso reforça o papel importante que Júpiter desempenha para manter a arquitetura planetária do Sistema Solar, com planetas rochosos na parte interna e gigantes na externa – informou o professor ao G1.
A descoberta foi feita por meio de observações feitas em um sofisticado instrumento acoplado no telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado no deserto do Atacama, no Chile.
A equipe que fez a descoberta conta com pesquisadores do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Chicago, Universidade do Texas em Austin, Universidade Nacional da Austrália, Universidade de Göttingen, Academia de Ciências da China, Instituto de Astronomia Max Planck e Instituto de Ciência Telescópio Espacial.
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