Os brasileiros se renderam à Black Friday. Importada do comércio americano, a data de mega-promoções, celebrada nesta sexta-feira pelo comércio, teve em 2016 seu ano de maturidade: as vendas pela internet cresceram 60% em relação ao ano passado e os negócios no comércio de rua e nos shoppings de Porto Alegre devem subir mais do que os 8% projetados pelo Sindilojas da Capital.
– A Black Friday passou a fazer parte da cultura das empresas, que ampliam as promoções e os descontos em seus sites e nas lojas de rua, e dos consumidores, que se preparam para aproveitar a data – analisa Genaro Gali, especialista em marketing e professor do MBA da ESPM Sul.
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Black Friday invade as lojas de rua
Conforme o balanço do Ebit, empresa que monitora negócios online, logo nas primeiras horas do dia, as vendas haviam crescido 60% em relação à largada da promoção em 2015. Fruto da antecipação de ofertas: muitos sites adiantaram as promoções para quinta-feira e lançaram suas melhores ofertas à meia-noite, na tentativa de despertar o furor dos internautas.
Neste ano, a data teve ainda a influência da crise econômica: como muitas redes de varejo não atingiram as metas de venda, as ofertas foram mais generosas e atingiram uma gama maior de produtos. Ao mesmo tempo, os consumidores, que passaram meses com sua lista de desejos na gaveta, aproveitaram para ir às compras.
– O consumo estava represado, muita gente estava evitando gastar, e na Black Friday decidiu aproveitar as promoções – aponta Gali.
A promoção transcendeu o universo online: muitas lojas de rua e nos shoppings ampliaram o horário de atendimento e investiram pesado em propaganda, na tentativa de engolir uma fatia dos negócios. O presidente do Sindilojas de Porto Alegre, Paulo Kruse, afirma que as vendas de agora não "roubam" o faturamento de Natal, já que a procura foi principalmente por eletroeletrônicos e eletrodomésticos, enquanto no Natal, a procura é por presentes para familiares e amigos.
– Com o pagamento do 13º (a primeira parcela é depositada até o próximo dia 30), as vendas de Natal ganham novo fôlego – afirma Kruse.
Movimento tardio no comércio de rua
No comércio de rua, o movimento cresceu no final da tarde. Houve um surpreendente marasmo pela manhã no Centro Histórico – na avaliação dos lojistas, em decorrência das manifestações na Capital e da paralisação dos metroviários. As vendas melhoraram a partir das 11h e se aceleraram às 18h, com a chegada de quem saia do trabalho.
As reclamações de propagandas enganosas, condições abusivas ou instabilidade nos sites _ que dominaram a Black Friday tupiniquim em anos anteriores – se repetiram, mas em menor grau. As cinco lojas mais criticadas no site Reclame Aqui somavam 1.020 queixas até 20h de ontem, número mais baixo do que as 1.453 registradas há um ano. No Procon de Porto Alegre, foram abertas apenas quatro reclamações referentes à Black Friday – número bem menor do que as cerca de 100 no ano passado, que resultaram em quatro procesos administrativos.
– Ainda temos que esperar as reclamações que chegam no final de semana, mas certamente serão em quantidade menor do que no ano passado – diz Cauê Vieira, diretor do Procon de Porto Alegre – As empresas estão mais cuidadosas na forma que anunciam os produtos, e os consumidores também ficaram mais preparados, pesquisando preços e tomando cuidados na hora de fechar o negócio.
Pelas ruas da Capital, a Black Friday dividiu opiniões. As ofertas não agradaram a dona de casa Letícia Francisco, 40 anos, que estava em busca de um celular novo. Pesquisando nas lojas do Centro de Porto Alegre, ela garantia que as promoções não estavam tão atrativas como esperava:
– Em algumas lojas, o preço nem baixou. Em outras, o desconto é pouco. Não está valendo a pena.
Já o casal Rodrigo Santos, 30 anos, e Cristiane Ribeiro, 31, viu vantagem em adquirir produtos na celebração. Com sorrisos cheio, eles deixaram a loja carregando uma televisão e um rádio:
– A vantagem é comprar à vista, porque daí não tem juros e não precisa ficar pagando nos outros meses também – conta Rodrigo.
Colaborou: Bárbara Müller