– Estou fazendo hoje o que, um dia, fizeram por mim.
Com esta frase, a comerciária Beatriz Dias, 57 anos, resume o trabalho como voluntária do Grupo da Mama do Hospital Conceição. Na manhã de quinta-feira passada, ela recebeu a comerciante Nilza Beatriz dos Santos, 52 anos, de Gravataí, que acabava de passar por uma consulta com oncologista. O trabalho de Beatriz e outras 14 voluntárias é dividir a experiência vivida como pacientes que trataram de doença mamária e oferecer apoio num momento tão delicado da vida da mulher: quando recebe o diagnóstico de câncer de mama.
– Esse trabalho é maravilhoso. Não é só a cura cirúrgica que dá a vida às pessoas. Elas estão passando por um estresse e contam com o apoio daquelas que já tiveram câncer. Os problemas estão aí para serem divididos – explica o médico José Luiz Pedrini, chefe da Mastologia do Grupo Hospitalar Conceição.
Diagnóstico
Há três e meio, Beatriz foi acolhida pela voluntária Flávia Teresinha Nunes, 74 anos, logo após receber o diagnóstico de câncer de mama.
– Saí chorando da consulta e uma delas me pegou pelo braço e perguntou o que tinha acontecido – recorda.
Assim que recebeu a notícia do câncer, Beatriz tinha uma série de providências a tomar, como marcação de exames e da cirurgia. Contar com o apoio de alguém que enfrentou a mesma situação foi reconfortante.
– Quando terminei a caminhada (pelos corredores do hospital), percebi: tenho chances – afirma Beatriz, que foi acolhida pelo grupo antes da cirurgia e também no pós-operatório.
Retribuição
Antes mesmo de terminar o tratamento, se sentiu motivada a compartilhar a experiência e ajudar outras mulheres. Hoje, é presidente do grupo de apoio, que existe há duas décadas:
– Tive apoio na hora em que mais precisei e estou aqui para retribuir o que fizeram por mim.
Pedrini destaca que é fundamental que a mulher faça a mamografia a partir dos 40 anos e, ao sinal de qualquer alteração nas mamas, procure o médico:
– O que se espera é que se consiga tratar no início, quando a chance de cura é de 90%.O médico destaca que a lei obriga a reconstrução imediata da mama na cirurgia da retirada do câncer.
Apoio e orientação para vencer o câncer de mama
A partir de exames de rotina, na mamografia, Nilza teve diagnosticados nódulos nas duas mamas e precisava marcar uma ecografia com biópsia.
– Acho muito importante ter esse grupo no hospital. São voluntárias que têm experiência, faz a diferença – disse Nilza.
Acompanhada de Beatriz, ela circulou pelo labirinto de corredores dos andares do Hospital Conceição, na Zona Norte da Capital. Contou com a companhia da voluntária enquanto esperava pela marcação da ecografia. A conversa envolveu a experiência de Beatriz e palavras de otimismo.
– Tu tens 60 dias para fazer o tratamento, está na lei. Se seguir as orientações dos médicos, vai dar tudo certo – comentou a voluntária.
O exame ficou marcado para o dia 28. Antes da despedida, Nilza recebeu de Bia uma almofada em formato de coração, que poderá ser útil para aliviar a dor.
– Se precisar de um apoio, uma palavra, pode nos procurar – disse Beatriz.
– Esse trabalho é importante porque a gente vê pessoas (na mesma situação) isoladas – concluiu Nilza.