A desenvolvedora de chips Santa Maria Design House (SMDH), que funciona na UFSM e criou o chip do nanossatélite brasileiro, dispensou na quinta seus 12 bolsistas e deve fechar. Segundo o coordenador da SMDH, João Batista Martins, o motivo é que o dinheiro acabou e não haveria como seguir pagando as bolsas aos pesquisadores.
– Vinha bem até metade de 2015. Começou então a haver escassez de verbas. Nunca atrasei salário nem bolsa. Só que agora complicou.Segundo ele, as verbas existem, e haveria R$ 70 milhões disponíveis num fundo de apoio à inovação – afirma.
O entrave, segundo Martins, está no setor jurídico do Ministério da Ciência e Tecnologia, que desde a metade de 2015 não permite o repasse das verbas, alegando questões burocráticas. A SMDH precisa de R$ 1 milhão.Com isso, o trabalho da SMDH poderá morrer na casca.
Além de criar o chip do nanossatélite, o grupo tem a patente de outro microcontrolador que aciona luminárias. Segundo Martins, o BNDES negocia com fabricantes estrangeiros interessados em fazer luminárias de iluminação pública de LED no Brasil, e uma das condições seria que parte da tecnologia teria de ser nacional.
– Esse chip estava cotado para ser colocado nessa parceria público privada (PPP) para a produção dessas luminárias de LED, pois a tendência é trocar as luminárias atuais pelas de LED. Mas agora, se a SMDH fechar, isso está ameaçado. Isso é o que mais dói na gente – lamenta.
Além da SMDH, outras três desenvolvedoras de chips no país tinham apoio do programa CI-Brasil. Ele, que surgiu há seis anos, como embrião no desenvolvimento de chips nacionais, pode acabar. É o contrário do que fizeram países como Coreia do Sul e Japão, que investiram e hoje são potências na produção de eletrônicos. O Brasil importa mais de US$ 15 bilhões só em chips por ano.