As aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Pedro I, em Porto Alegre, serão retomadas nesta terça-feira, após um dia de suspensão dos trabalhos. Nesta segunda-feira, professores se reuniram com representantes da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), do Cpers/Sindicato e do Conselho Tutelar para discutir a agressão cometida pela irmã de um aluno contra uma professora.
O caso ocorreu por volta das 13h30min de sexta-feira, quando os alunos da instituição, localizada no bairro Glória, preparavam-se para ir às salas de aula. A irmã de um estudante do 4º ano, que estava no local porque a família havia sido chamada para conversar sobre o desempenho do aluno, atacou a docente dentro do colégio.
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Uma professora que presenciou a agressão e prefere não ser identificada conta que estava na porta da escola recebendo os alunos quando ouviu gritos:
– As crianças estavam entrando para fazer fila no saguão. Da porta, vi quando ela (irmã do estudante) pegou a professora pelos cabelos. Corri, mas ela (a professora) já estava no chão, bastante machucada.
Professores da escola e pais de alunos socorreram a agredida, que foi levada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) por uma ambulância, com cortes no rosto devido aos socos, que também quebraram seus óculos. Ela ficou no HPS até sábado. A irmã do aluno, que é maior de idade, foi mantida nas dependências da escola até a chegada da Brigada Militar, que fez um termo circunstanciado e, posteriormente, a liberou. O comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Paulo César Balardin, afirma que o documento é enviado diretamente ao Judiciário, sem necessidade de registro na Polícia Civil.
– Os pequeninhos assistiram a professora caída no chão. Eles ficaram bem assustados. Nossa sorte é que tinha pais e mães para ajudar – relata a colega que viu a agressão.
A diretora do colégio, Maria do Carmo Oliveira, conta que é a primeira vez que há uma violência dessa proporção em 22 anos que ela trabalha no prédio da Rua Pedro Boticário.
– Os professores estão tremendamente abalados – afirma.
O aluno, de nove anos, não tem histórico de violência.
Estudante poderá ser transferido
A 1ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) foi comunicada do fato na tarde de sexta-feira e, no início da manhã desta segunda, esteve na escola. Maria Luiza de Moraes, que atua na chefia de Recursos Humanos, diz que a professora será substituída durante sua recuperação.
– A família do aluno será chamada e pode ser que ele seja transferido – salientou Maria Luiza, explicando que a manutenção da criança na escola pode prejudicá-la.
Representantes do setor Pedagógico e da coordenação das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave) também estiveram no local. Uma Cipave deve ser criada no colégio.
Diretora-geral do 39º Núcleo do Cpers/Sindicato, que compreende as regiões sul e leste da Capital, Jussara Gonçalves Jayme ressalta que não se trata de uma questão isolada:
– Essas situações de violência estão ocorrendo em várias áreas de Porto Alegre. Há problemas com a comunidade e dentro da escola.
Um levantamento da Seduc mostra que, em seis meses, escolas estaduais registraram pelo menos 45,9 mil episódios de insegurança dentro da instituição ou no entorno – é uma média de 255 ocorrências por dia envolvendo indisciplina, agressão física, verbal, assaltos e outras ameaças. Os números se baseiam em questionários respondidos por 1.255 das 2,5 mil escolas estaduais e é uma iniciativa das Cipaves, que estão presentes em 1,8 mil colégios da rede.