Acesa e distribuída durante o fim de semana passado em Triunfo, na Região Carbonífera, a Chama Crioula percorre a casco as estradas do Rio Grande do Sul. Quase mil cavaleiros levam às 30 regiões do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) aquele que é um dos símbolos dos festejos farroupilhas.
Os grupos que carregam os candeeiros partiram juntos do município escolhido para gerar a chama, mas com diferentes destinos. Vão acampando pelo caminho até chegar ao local onde será deixada a centelha – deste, ainda podem se espalhar para mais municípios das imediações.
– A Chama Crioula é o marco inicial do movimento tradicionalista organizado. Foi o resgate do sentimento de pertencimento das nossas cultura e tradição, dos nossos valores em termos de dança, música e indumentária – comenta o presidente do MTG, Nairioli Antunes Callegaro.
A tradição teve origem há quase 70 anos e foi lançada com um gesto de improviso. Em 1947, um grupo de estudantes liderado por João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes capturou com um cabo de vassoura a chama da Pira da Pátria, no Parque Farroupilha, e a carregou pelas ruas de Porto Alegre.
O gesto acendeu (literalmente) a autoestima e a tradição gaúchas em um período pós-guerra em que os Estados Unidos disseminavam sua cultura e seu modo de vida, enquanto o Brasil convivia com as marcas do Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), que propagou a unidade nacional inibindo a valorização do regional.
12 curiosidades sobre a Chama Crioula
Fogo que se espalha
A Chama Crioula, acesa na sexta-feira em Triunfo, será levada a aproximadamente 300 municípios.
Trajeto a casco
A distribuição da chama ocorreu no sábado. De Triunfo, cavaleiros das 30 regiões do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) partiram para diferentes cantos do Estado.
Da região, redistribuição
Há cidades que, quando recebem a chama, fazem um evento no qual ela é redistribuída para outros municípios da região.
Para além das divisas e fronteiras
Neste ano, a chama está sendo levada para Santa Catarina. No ano passado, foi acesa em Colônia do Sacramento, no Uruguai.
É chão
Os grupos que levam as chamas para as diferentes regiões do Estado partem para diferentes destinos. Há trajetos que superam os 500 quilômetros, como os dos cavaleiros que vão ao Chuí e à Uruguaiana.
Para não abusar do cavalo
Grande parte dos grupos leva os cavalos até o município onde é distribuída a chama. De lá, partem montados no animal. Os que podem, têm mais de um cavalo para fazer um revezamento.
Caso apague, tem backup
A chama é levada pelos cavaleiros. Mas, para caso o fogo apague, normalmente vai um lampião com a chama dentro de um carro ou caminhão.
Equipe de apoio
Uma equipe vai na frente dos cavaleiros, de carro ou caminhão, para montar os acampamentos e preparar as refeições.
Dezenas de quilômetros
Os cavaleiros pegam a estrada cedo da manhã e cavalgam até o início da tarde. A média diária é de aproximadamente 30 quilômetros percorridos.
Nada de modernidade
A chama é mantida em um candeeiro. Não se usa gás: é óleo diesel e pavio de lã.
Chama fica acesa
Do evento de sábado, participaram cerca de mil cavaleiros das 30 regiões do MTG. Mas quem quiser ainda pode buscar a chama, que permanece acesa em Triunfo.
Calendário da sede
Até 2000, cada região do MTG fazia o acendimento em um município de sua área. A partir de 2001, foi estabelecido esse modelo em que a distribuição é feita de uma cidade para todo o restante do Estado. Há um calendário para que as 30 regiões sejam contempladas.