Ter um bichinho de estimação vai além da dedicação e do carinho. Requer cuidados e limites. Os animais domésticos enchem a casa de afeto e alegria, mas também podem transmitir doenças. O contato indevido, como lambidas no rosto, beijo na boca e mordidas, podem afetar a saúde das pessoas, pois muitos animais possuem contato direto da boca com as fezes e com a urina deles, contraindo micro-organismos que podem ser prejudiciais aos humanos. Recentemente, uma britânica de 70 anos precisou ser internada após ser lambida na boca pelo seu cão. Segundo relato publicado na revista científica BMJ, a idosa desenvolveu uma grave infecção provocada pela bactéria capnocytophaga canimorsus, presente na boca de cães e gatos.
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Para evitar esse problema é importante vacinar o seu animal, estar sempre atento a alterações no corpo ou no comportamento dele e manter a higiene adequada. Confira as doenças mais comuns que podem ser transmitidas pelo animal aos humanos e saiba como preveni-las. As dicas são da médica veterinária Patrícia Radl.
Larva migrans
Conhecida popularmente como bicho geográfico, é uma doença causada por parasitas intestinais do cão e do gato. Os animais infectados eliminam os ovos nas fezes que transformam-se em larvas e podem penetrar na pele humana.
Sintomas: nos animais a doença pode provocar tosse, pneumonias, diarreia, vômito, perda de apetite, emagrecimento, perda de pelos e anemia. Em humanos não ocorre como no cão e no gato. A larva não consegue se aprofundar até atingir o intestino. Ela apenas caminha sob a pele formando um túnel tortuoso e avermelhado. A doença é mais comum em crianças e as lesões, que geralmente apresentam-se nos pés e nas nádegas, são acompanhadas de muita coceira.
Prevenção: animais que costumam passear na rua devem tomar vermífugo a cada três meses. Os que não saem de casa podem ser vermifugados a cada seis meses. Donos de animais também devem tomar vermífugo anualmente. Procure evitar andar descalço em locais frequentados por cães e gatos e cubra as caixas de areia e brinquedos de crianças durante a noite para que os animais utilizem o local como banheiro. Recolha sempre as fezes de seu cachorro e estimule outros donos a fazerem o mesmo. Não leve seu bicho de estimação à praia. Os ovos e larvas que são eliminados no cocô do animal infectado vivem por mais tempo em contato com areia ou terra.
Leptospirose
É causada pela bactéria leptospira interrogans. Após infectados, os animais liberam essa bactéria pela urina, que em contato com os seres humanos, transmite a doença. Em alguns casos, mesmo quando vacinados, há risco de os animais tornarem-se portadores da bactéria. Ela penetra pela pele (molhada ou com lesão), via mucosas (boca, olhos, nariz) e também pela ingestão de água ou alimentos contaminados.
Sintomas: nos animais, falta de apetite, vômito, febre e urina de cor amarronzada. A bactéria atinge os rins e o fígado do animal. Nos humanos, a doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas semelhantes a uma gripe. Febre alta que começa de repente, mal-estar, dor muscular, cansaço e calafrios. Quando a doença apresenta icterícia (pele amarelada), tanto em humanos quanto em animais, pode representar um agravamento (geralmente atinge 10% dos doentes). A doença pode levar à morte.
Prevenção: à noite, não deixe comida em vasilhames destampados. Combata os ratos e vacine semestralmente os animais contra leptospirose.
Sarna
É causada por ácaros de diversas espécies e transmitida através do contato direto com o animal.
Sintomas: nos animais, a manifestação se dá por crostas espessas na pele, queda dos pelos, manchas avermelhadas e coceira. Nas pessoas, a sarna se manifesta por manchas vermelhas na pele e coceira.
Prevenção: dê banho no animal e higienize sempre o local onde ele fica.
Toxoplasmose
Doença infecciosa que pode ser transmitida ao humano pela ingestão de carne crua e vegetais mal lavados e menos comum pelo contato com as fezes do gato (não lavar as mãos direito após limpar a caixa de areia). O cuidado deve ser maior em caso de gravidez, pois pode causar má formação do feto ou até levá-lo à morte.
Sintomas: os gatos podem apresentar depressão, falta de apetite, febre, convulsões, tremores e paralisias. Nos humanos, febre, cansaço, dores no corpo, ínguas pelo corpo e dificuldade para enxergar que pode evoluir para cegueira (lesões na retina).
Prevenção: limpe diariamente a caixa de areia do gato e depois lave bem aos mãos. As fezes só serão contaminantes após permanecerem em contato com o ar por um período de cinco dias.
Micoses
São causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os pelos dos animais. Quando os fungos se encontram em condições favoráveis ao seu crescimento, como locais muito úmidos, calor e baixa imunidade, eles se multiplicam e começam a provocar os sintomas da doença.
Sintomas: nos humanos, as lesões são arredondadas, avermelhadas ou esbranquiçadas e coceira no local. Cães e gatos podem apresentam lesões semelhantes aos humanos, mas com queda de pelo e, geralmente, sem coceira.
Prevenção: seque bem o bichinho após o banho, inclusive, nas dobras e entre os dedos.
Raiva
É provocada por vírus que ataca o cérebro e os nervos dos animais e dos seres humanos, causando a morte. É transmitida pela mordida ou pela saliva do animal.
Sintomas: mudança de comportamento, agressividade, salivação (o animal baba muito, pois não consegue engolir) e paralisia. Os sinais clínicos nos humanos são parecidos com os dos animais. Nem todo cão ou gato que saliva (baba) ou é agressivo estará com raiva. Se o bicho apresentar os sintomas procure, imediatamente, um veterinário.
Prevenção: vacine anualmente seu cão ou gato a partir dos quatro meses de vida.
Cuidados básicos
* Evite compartilhar cama e alimentos com os animais.
* Cuide da saúde bucal do seu animalzinho e evite beijos ou lambidas no rosto (lábios, nariz e olhos).
* Recolha sempre as fezes e a urina dos animais, não deixando-as expostas a moscas e ao contato humano, e limpe adequadamente o local.
* Leve o bichinho para consultas periódicas ao veterinário ou quando o animal apresentar algum problema de saúde.
* O cuidado deve ser dobrado com animais doentes. Evite o contato direto com sangue, saliva, muco, pus, urina ou fezes.
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