Especialista em hipnose clínica condicionativa pelo Instituto Brasileiro de Hipnologia, Cristina Grisotti, 48 anos, fez cursos na Colômbia e na Suíça para aprimorar a técnica de hipnose. Ela começou a se interessar pelas terapias naturais ainda jovem, quando foi morar em Macau, na China. Depois, continuou os estudos em Portugal. De volta ao Brasil, cursou bacharelado em naturologia aplicada e hoje realiza atendimentos em Florianópolis.
Em entrevista ao DC, ela explica como a técnica que tem sido utilizada tanto para tratar de problemas de origem emocional – como depressão, ansiedade e fobias – até como auxiliar em processos cirúrgicos, evitando, por exemplo, aplicação de anestesia geral – quando combinada com anestesia local. Confira:
Como atua a hipnose clínica condicionativa?
Por esta técnica é feito um rastreamento de memória, levando o paciente a um estado de relaxamento profundo, desde a idade atual até o momento da concepção. Então, todos os registros negativos associados a um trauma, por exemplo, são eliminados, mesmo que a pessoa não tenha a lembrança de quando ocorreu. Eliminados estes bloqueios, é feita uma reprogramação dos registros mentais, implantados diretamente na mente em forma de “gatilhos”, sempre trabalhando o lado positivo da mente, diferentemente de outras linhas de hipnose.
O que seus pacientes mais procuram curar na hipnose?
O campo de atuação se estende no manejo da dor, da insônia, do estresse, da onicofagia (roer unhas), da fibromialgia, das disfunções sexuais, dos tiques, da compulsão alimentar, da enurese noturna (urinar na cama), do medo de elevador, do medo de dirigir, do medo de voar de avião, do medo de altura, da falta de atenção e concentração nos estudos e provas para concursos, entre outros.
De quantas sessões uma pessoa precisa para resolver um problema?
Já tive paciente que parou de fumar com uma única sessão. Cada um tem seu tempo, não dá para determinar isso. O feedback do paciente, após cada sessão, é o que vai determinar a avaliação do que mudou ou o que ainda precisa ser reforçado. A palavra-chave no processo terapêutico é o querer, se permitir entrar num estado de relaxamento profundo e resolver os seus problemas. E também temos de considerar o quanto isso está resolvido no íntimo de cada paciente, porque se você resiste ao que quer mudar, não há milagres.
É verdade que a hipnose clínica pode ser usada até como analgesia?
Combinada com a anestesia local, a hipnose pode substituir o uso de substâncias pesadas e, muitas vezes, até mesmo a anestesia geral. Os benefícios são inúmeros: diminuição dos riscos de infecção, melhor cicatrização, pacientes mais calmos e internados por menos tempo. A prática da hipnose vem ganhando espaço nos centros cirúrgicos da França como uma alternativa menos medicamentosa aos procedimentos anestésicos tradicionais e invasivos. A Universidade de Liège (Bélgica) começou a experimentar a hipnose como anestésico na década de 1990 e hoje oferece um curso específico sobre a técnica que já formou mais de 420 profissionais de toda a Europa.
Há contraindicações para a aplicação da hipnose clínica?
Pessoas impossíveis de serem tratadas: surdos, as que estão em surto psicótico (pois fora do surto é tratável), pessoas com epilepsia e pessoas em estado terminal. Gestantes e pacientes cardíacos podem fazer, mas com algumas restrições.
Quanto custa um tratamento com esta técnica?
Depende do local e do número de sessões. Em Florianópolis o investimento é menor do que em São Paulo, por exemplo. Trabalho com grupos de antitabagismo e com adolescentes em fase preparatória para o vestibular, em que o foco é eliminar a ansiedade e reprogramar os alunos para uma melhor concentração, motivação, confiança e calma na hora do exame. Estes grupos proporcionam um tratamento muito mais em conta. Atendo em Florianópolis e São Paulo, onde a demanda de pacientes tem crescido muito.
Há muitos profissionais trabalhando nesta área em SC?
O número de hipnoterapeutas tem aumentado significativamente em função da demanda, o que em muito contribui para a melhora dos pacientes, num curto espaço de tempo.