Professores que ocupam o Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), na Capital, desde segunda-feira, precisam deixar as dependências do prédio, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A decisão foi tomada pela juíza Andréia Terre do Amaral, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central, nesta quinta-feira. O pedido tinha sido apresentado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
Segundo o comandante do 9º BPM, Marcus Vinicius Gonçalves de Oliveira, até o começo da noite a corporação ainda não havia sido notificada sobre a determinação. Ele disse que a Brigada Militar só poderia cumprir a decisão a partir das 6h desta sexta-feira. O que parecia se desenhar como confronto durante a tarde, quando o Cpers disse que não abandonaria o prédio, começou a tomar novos rumos à noite.
– Estamos em conversa com dois deputados e com o governo para desocupar o prédio e depois fazermos a negociação, mas, para isso, precisamos de uma sinalização de que, de fato, haverá uma negociação – disse a presidente do Cpers, Helenir Schürer.
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Os ocupantes não saíram do prédio ainda. Um clima de tensão se instaurou no local por volta das 19h. Enquanto os professores realizavam uma assembleia no interior do prédio, um grupo de manifestantes que apoiava a ocupação chegou ao Caff e, por pouco, não houve confronto com a BM.
A quinta-feira foi marcada pela expectativa de uma possível intervenção da BM, uma vez que a Justiça havia determinado a desobstrução do prédio, o que não foi cumprido pelos manifestantes. Ao longo do dia, representantes da Justiça, do governo e da Assembleia Legislativa estiveram no Caff para tentar negociar com integrantes do Cpers.
Sob o questionamento de alguns dos manifestantes, os deputados Adão Villaverde (PT) e Pedro Ruas (PSOL) estiveram no local e conversaram com a presidente do Cpers, Helenir Schürer. Eles prometeram levar as reivindicações da categoria ao governo.
Para desocupar o prédio, os professores exigem que não sejam modificados os atuais benefícios aos docentes que trabalham em escolas consideradas de difícil acesso, além de uma proposta de negociação por escrito. Caso haja intervenção policial antes, os deputados devem voltar ao Caff.
– Temos uma soma de fatores negativos em relação ao governo. Esperamos que não haja a barbárie que aconteceu ontem (quarta-feira, quando a BM retirou estudantes da Secretaria da Fazenda em uma ação tumultuada) – afirmou Pedro Ruas.
Na quarta-feira, a PGE já havia pleiteado à Justiça a reintegração de posse, mas a juíza Andréia Terre do Amaral decidiu, então, que os professores poderiam continuar no Centro Administrativo ao mesmo tempo que deveriam permitir o acesso normal ao edifício. Como os manifestantes não cumpriram a decisão, a PGE apresentou o pedido de embargos declaratórios.
Na tarde desta quinta-feira, deputados das bancadas do PT, PSOL e PCdoB, pais de estudantes e integrantes do sindicato dos jornalistas entraram com uma denúncia no Ministério Público contra a atuação da Brigada Militar na retirada de um grupo de estudantes que ocupava a Secretaria da Fazenda na quarta-feira.
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